Sem amor... |
SEM
AMOR (NELYUBOV, Rússia, França, Alemanha, 2017) – Nesta
tocante crônica a falta de afeto, um dos maiores diretores da atualidade, o
russo Andrey Zvyagintsev lança um olhar frio e atento sobre uma sociedade em
declínio. Os primeiros planos mostram uma paisagem coberta de neve, antecipando
frieza que irá caracterizar quase todos os personagens deste drama comovente
sobre um casal prestes a se divorciar, cujo filho desaparece depois de
presenciar uma intensa briga dos dois, durante a qual fica claro que nenhum
deles quer ficar com sua guarda. Escrito e dirigido magistralmente, SEM AMOR é
um filme com personagens multifacetados e complexos que desafia os valores
distorcidos deste século, refletindo uma sociedade ainda incapaz de escapar
deste ciclo sem fim a que sempre esteve presa. O roteiro escancara o crescente
vazio das relações humanas em tempos de redes sociais e selfies, e explora os
lugares sombrios do comportamento humano, invalidando as mais incensadas
crenças sobre a ligação entre pais e filhos. Além disso, é também um profundo
retrato de uma sociedade em decadência composta de pessoas superficiais e
extremamente egoístas. Zvyagintsev tem um olhar frio sobre a sociedade russa,
sem perder o contato com o cinema poético que nos atinge no coração e na alma. In this heart-wrenching chronicle about the
lack of affection, one of the greatest directors of the present time, the
Russian Andrey Zvyagintsev casts a cold and attentive look at a society in
decay. The first sequences show a snow-capped landscape, anticipating the
coldness that will distinguish almost all the characters in this drama about a
couple on the brink of divorce whose son disappears after hearing an intense
fight between the parents who, obviously don not want to keep his guard.
Magisterially written and directed, LOVELESS is a movie with multi-layered and
complex characters that challenges the warped values of this century, holding a
mirror towards our society still unable to escape from the same endless cycle
it has been always been trapped in. The plot displays the growing emptiness of human relations in times of social networks and selfies and explores the
dour places of human behavior, upending our most beliefs about the bond between
parents and children. Besides, it is also a deep portrait of a society in decay
composed of extremely superficial, selfish and harsh people. Zvyagintsev never
loses the touch with the poetic cinema that hits us in the heart and in the
soul.