segunda-feira, 19 de maio de 2008

553 - GILDA


gilda (gilda, usa 1946) – de Charles Vidor. Triângulo amoroso vivido por Rita Hayworth, Glenn Ford e George Macready num cassino de uma misteriosa cidade na América do sul, supostamente Buenos Aires. O clima noir nos remete imediatamente à Casablanca. Aliás, o personagem de Ford se chama Johnny Farrel, típico nome de personagem de filme noir. Numa das cenas, Rita dá dois tapas em Ford e, involuntariamente, quebra-lhe dois dentes. Ele agüentou até o fim da cena. Bom rapaz, o Glenn. Rita, cujo nome verdadeiro era Margarita Carmen Cansinos, era filha de um dançarino espanhol e morreu em 1987, acometida pelo mal de Alzheimer, em Nova York, completamente louca. Triste fim para a musa de Omar Shariff, que conta ter tido um quase caso com ela assim que chegou a Hollywood. Também não se pode esquecer que ela era a obsessão de Tim Robbins no inesquecível “Um Sonho de Liberdade” (The Shawshank Redemption, EUA 1994), com Morgan Freeman, a quem ele pede um pôster de Rita, no papel de Gilda, para colocar na parede da cela. Gilda também ficou famoso por ser citação em vários filmes, como, por exemplo, Notting Hill, onde a personagem de Julia Roberts, Anna Scott, cansada da fama, repete a frase famosa: “Os homens vão para cama com Gilda e acordam comigo”, atribuída a Rita. Bela fotografia em preto e branco.

552 - PERIGO NA NOITE

PERIGO nA NOITE (SOMEONE TO WATCH OVER ME, USA 1987) – de Ridley Scott. Detetive de Nova York, Mike (Tom Berenger) é designado para dar proteção a milionária (Mimi Rogers) que testemunhou o assassinato de um amigo. Ao passar a participar da intimidade de sua protegida, apaixona-se por ela, é correspondido e, em conseqüência, provoca uma crise conjugal com Lorraine Bracco, ainda bem jovem e linda como sempre. A seqüência aérea que aparece nos créditos iniciais mostra Nova York à noite, linda, pontilhada de luzes.

551 - PASSAGEIRO 57

passageiro 57 (passenger 57, usa 1992) – direção de Kevin Hooks, responsável por alguns episódios de Lost. Thriller com Wesley Snipes (31 de julho de 1962) no papel de um experto em segurança de uma companhia aérea, que se vê num vôo com perigosos seqüestradores. Ação constante numa história movimentada que traz a bela Liz Hurley (10 de junho de 1965) como membro da gang disfarçada de comissária.

sábado, 17 de maio de 2008

550 - A MÁSCARA DO ZORRO

a máscara do zorro (the mask of the zorro, usa 1998) – de Martin Campbell. O Zorro aposentado (o magnífico Anthony Hopkins), depois de anos na prisão, treina um zorro mais jovem (Antonio Banderas) para enfrentar sua nêmesis, Montero (Stuart Wilson). A idéia é muito legal, principalmente pela originalidade, apesar de o roteiro não ser lá grandes coisas. Não gostei da escolha de Banderas para o papel de Zorro. Ele até que se esforça, mas fica muito aquém do papel. Hopkins, por outro lado, brilha como o tutor do jovem vingador e enternece nas cenas com sua filha no filme, a belíssima Catherine Zeta-Jones. Curiosamente, Zorro, um personagem espanhol, nunca havia sido feito antes por um ator espanhol. Coube a Banderas o feito, embora, no filme, ele seja um mexicano. Boas cenas de luta e o charme eterno do Zorro que nos remete a Guy Williams, na série da Disney.

549 - ANTES DO PÔR-DO-SOL

antes do pôr-do-sol (before sunset, usa 2004) – de Richard Linklaker. Maravilhoso. Sensível. Poético. Linda história vivida por Ethan Hawke e mesmerizante Julie Delpy. E a história ainda se passa em Paris! Nove anos depois de se conhecerem e viverem uma noite de amor, Celine (Delpy) vai à tarde de autógrafos de Jesse (Hawke) que, surpreso com o reencontro, passa a caminhar com ela pelas ruas de Paris, num transbordamento de lembranças que só confirma o grande amor que os une. É um filme cheio de esperanças na possibilidade de se ter uma segunda chance de reencontrar o grande amor de nossas vidas. Jesse e Celine só têm menos de uma hora e meia para tirar nove anos de dúvidas, e aí está o ponto alto do filme: não há diálogos, no sentido estratificado do termo, mas sim uma conversa que flui com uma naturalidade jamais vista na tela grande. Construído com uma simplicidade comovente, é mais econômico ainda que o primeiro filme, que tinha o apelo turístico de Viena e pequenas interferências de personagens simbólicos (o poeta vagabundo, a cigana, o dono do bar, os atores de teatro amador etc.). Aqui só temos Jesse e Celine e uma conversa envolvente, com hora marcada pra dizer adeus (novamente), o que provoca suspense em querer saber como é que vai terminar essa história. É aí que entra o toque de gênio de Linklater e sua equipe de roteiristas. Arrisco dizer que é um dos finais mais bonitos que vi em anos. Putz! É lindo demais! Linklater consegue atingir aquele momento de puro encantamento,cometendo o tipo de cena que ficará para sempre na minha memória. O fato de Ethan Hawke ser realmente escritor e Julie Delpy ser compositora (a música que ela canta na seqüência final é dela) só colabora na incrível atmosfera de honestidade do filme. Embora a fita equilibre os lados masculino e feminino da situação, é evidente que Celine ficou bem mais interessante que Jesse dez anos depois. Enquanto Jesse continua o risonho bobão do filme anterior, Celine apresenta nuances mais sutis, deixando transparecer as mágoas, as frustrações e a dificuldade de ser adulto e ainda perseguir o 'grande e eterno amor'. Julie Delpy está brilhante, sensual, arrasadora na seqüência final, que merecia até uma indicação ao Oscar. Resta a Jesse ficar completamente abobalhado, junto com os espectadores, por essa mulher que ele nunca conseguiu esquecer nem por um minuto dos dez anos que separaram esse encontro daquele adeus numa manhã na estação de trem de Viena. Richard Linklater fez a cabeça de muita gente (a que escreve, incluída) em meados dos anos 90 com o filme Antes do Amanhecer. Nele, o cineasta companhava o encontro de jovens viajantes, uma garota francesa (Julie Delpy) e um rapaz americano (Ethan Hawke), que se conhecem num trem, passam uma noite em Viena e se paixonam, prometendo reencontrar-se seis meses depois. Eis que, nove anos depois, Linklater resolve retomar a trajetória do casal, separado desde o encontro em Viena, resgatando não só o filme, mas o tom emocional largado na despedida de 1995. Sendo assim, o reencontro não é uma oportunidade para colocar pontos nos is, mas para retomar a química da identificação entre os dois protagonistas e retomar suas trajetórias, a partir da despedida na estação de Viena, que é o que importa para o filme e para nós. O resultado é Antes do Pôr-do-Sol, um filme arrebatador, sobre gente real, que parece existir no mesmo plano que nós. Econômico nas seqüências, Linklater resume o encontro de seus personagens em meia dúzia de situações, que servem de cenário para uma hora e meia de conversa, iniciada quando Céline (Delpy) aparece numa entrevista coletiva dada por Jesse em Paris, para o lançamento do seu livro (que narra exatamente a noite passada pelos dois em Viena). A partir do reencontro, Linklater conduz o filme com imensa naturalidade, a partir de uma sucessão de diálogos vistos sem pressa, mirados na mosca. Linklater despreza as elipses e as supressões de elementos subentendidos pelo contexto. Ao contrário, sua câmera acompanha nos mínimos detalhes a conversa travada pela dupla protagonista (daí a fluidez impressionante de um filme calcado principalmente na força dos seus diálogos e na economia de artifícios estilísticos).Obra-prima!

548 - SEGREDO DE SANGUE

segredo de sangue (hush, usa 1998) – de Jonathan Darby. Milionária dona de fazenda de cavalos no Kentucky (Jessica Lange) quer trazer o filho de Nova York para comandar os negócios da família e hostiliza a nora recém-casada (Gwyneth Paltrow, aqui no seu período anoréxico) com um comportamento cada vez mais agressivo. Logo se descobre que a mãe tem uma relação edipiana com o filho e, por isso, causou, anos atrás a morte do marido. Daí não gostar da nora agora. O engraçado é que a fixação é só do lado dela – o roteiro exime o filho de qualquer participação na história.

547 - FÚRIA CEGA

fúria cega (blind fury, usa 1989) – história, com jeito de dejà-vu, sobre um homem cego (sentiram a sutileza?), ex-combatente do Vietnã, que, vinte anos depois da guerra, se incumbe de levar o filho do melhor amigo até ele. Dose, né? É, mas filmaram isso. E sabe quem faz o ex-soldado cego? O excelente Rutger Hauer, de O Feitiço de Áquila e Blade Runner. Por que um ator tão bom faz coisas tão ruins? Dá pena de vê-lo num papel estereotipado e completamente inverossímil, pois ele não faz por menos: mesmo cego, maneja com invulgar habilidade uma espada samurai disfarçada em bengala, em função de ter sido treinado por mestres orientais depois da guerra. Ele devia estar mesmo cego para aceitar um abacaxi como esse. Direção de Philip Noyce.

546 - MISS SIMPATIA

miss simpatia (miss congeniality, usa 2000) – de Donald Petrie. Comédia ingênua com a especialista em comédias ingênuas Sandra Bullock, que também é produtora. No elenco, o excelente Michael Caine num papel menor; Candice Bergen e William Shatner. Sandra é uma policial com jeitão masculino que entra para o concurso de miss Estados Unidos para investigar um crime. É previsível – e repetitiva - a concentração no processo que transforma uma garota meio tom boy numa mulher atraente. Mas o filme fez certo sucesso, o que levou Sandra a produzir uma seqüência este ano.

545 - COLATERAL

colateral (collateral, usa 2004) – excelente thriller com Tom Cruise e Jamie Foxx. Finalmente, um filme que envolve um motorista de táxi com a mesma qualidade de TAXI DRIVER de Martin Scorsese. Na belíssima seqüência introdutória, toda a atenção do filme está concentrada em Max (Foxx), um motorista de táxi que se prepara minuciosamente para iniciar o turno da noite. Logo de saída, pega uma passageira linda, uma promotora pública (Jada Pinkett Smith) com quem flerta abertamente. Esta afinidade é explorada pelo diretor Michael Mann com deliberada inspiração. Quando Cruise, de barba e cabelos grisalhos, entra no táxi, todos os alicerces do filme já estão fincados uma Los Angeles tumultuada e desconectada, e personagens que se definem, se reconhecem e se comunicam através de sua obsessão por trabalho. Vincent, o personagem de Cruise, acena com seis notas de 100 dólares para recrutar o taxista para levá-lo a cinco locais diferentes nas horas seguintes. Na realidade, Vincent é um assassino frio que tem como missão eliminar cinco pessoas naquela noite. Mann faz um filme magnífico que, rodado quase todo à noite (com uma nova geração de câmera digital, muito mais sensível à cor), no encalço de um táxi que percorre sem parar uma das cidades mais espalhadas do mundo, é antes de tudo uma prova de resistência. Cruise prova que é, de fato, bom ator e, neste papel, mostra que foi capaz de se reinventar. Foxx corrobora o Oscar de melhor ator este ano por Ray. Uma das cenas que mais gostei é quando Foxx, ao se preparar para sair com seu táxi, olha uma foto das ilhas Maldivas – o sonho que o mantém concentrado nos seus objetivos.

543 - A JUSTICEIRA

a justiceira (Barb wire, usa 1996) - de David Hogan. Perdoem-me o trocadilho de gosto duvidoso, mas como uma mulher tão boa pode fazer um filme tão ruim? O trocadilho é horrível, mas o filme é muito pior. A começar pelo jogo de palavras do título, nome da heroína da história, vivida pateticamente pela bela Pamela Anderson – o nome remete a barbed wire arame farpado em inglês e que aqui possui uma conotação completamente diferente. Pamela aparece o tempo todo metida numa roupa preta justíssima (talvez daí o título em português, há, há...), fazendo caras e bocas – aliás, bela cara e boca idem. Mas ela é péssima atriz, se é que levou o roteiro a sério. O roteiro, bem... o roteiro não ajuda mesmo, tanto pelo absurdo de um thriller policial futurista, como pelas horrorosas atuações. Tudo é pretexto para a exibição dos dotes físicos da loura sexy, cujo, digamos, escasso brilho dramático é inversamente proporcional à quantidade de silicone que ajudou a fazer de Pamela uma das mulheres mais desejadas dos anos 90. O filme tem a inevitável estética mad Max, que foi a solução para orçamentos restritos de filmes ambientados no futuro. Muita poeira e sucata, rebeldes cabeludos e um herói redentor, capaz de catalisar os sobreviventes bons do cataclismo que devastou a humanidade. Uma monumental perda de tempo – e você quer ver Pamela Anderson nua, recorra à Playboy mais próxima de sua mão.

542 - BAD BOYS

bad boys (bad boys, usa) – este é o primeiro filme com a dupla Will Smith e Martin Lawrence. Não é tão bom como o segundo, mas dá para o gasto, num estilo bem copiado de Máquina Mortífera. A presença da bela Téa Leoni é o destaque. Só que neste filme ela está ainda mais bonita, com os impressionantes olhos azuis destacados pelo cabelo preto inesperado. Bela fotografia de Miami.

541 - OS NORMAIS, O FILME

os normais, o filme (brasil, 2003) – de José Alvarenga Jr. A transposição da trama da série de TV para a tela grande não perdeu na edição, mas deixou um pouco a desejar no ritmo. A história do encontro de Rui e Vani, no dia do casamento dos dois com outras pessoas (Marisa Orth e Evandro Mesquita) renderia melhor no formato de 40 minutos. Ou seja, ficou faltando argumento para se chegar a 1h30 de filme. Contudo, o charme e o carisma de Luiz Fernando Guimarães e Fernanda Torres, além do talento histriônico, é claro, prendem o espectador na poltrona até a cena final, que acontece com a bela Túnel do Tempo, de Frejat. Evandro Mesquita está ótimo, mas Marisa Orth parece ter incorporado o pior da Magda de Sai de Baixo para sempre. Está bem abaixo dos colegas de elenco. Fotografia primorosa e uma abertura que em anda fica a dever ao cinema americano. Muito pelo contrário. O filme sobrevive graças ao sucesso alcançado pela série na televisão, apenas.

540 - DORMINDO COM O INIMIGO

dormindo com o inimigo (sleeping with the enemy, usa 1991) – de Joseph Ruben. Thriller de suspense, sem suspense, diga-se, sobre Laura (Julia Roberts) que tenta fugir do marido (Patrick Bergin, que é mesmo ator mediano, mas está abaixo da crítica neste filme) que a espanca, aparentemente sem motivo. Ela vai para uma cidadezinha no Iowa, onde começa uma vida nova e se apaixona pelo vizinho, um professor de teatro. O marido descobre seu paradeiro e vai atrás dela. Final plenamente previsível. Julia está muito bonita, mas não é a melhor das suas atuações. Não lembrava do meio do filme. Só fixei a belíssima casa da praia que só aparece no começo.

539 - RISCO TOTAL

risco total (cliffhanger, usa-france 1993) – direção de Renny Harlin. Sylvester Stalone é um perito em resgates nas frias montanhas rochosas americanas que se vê diante de um grupo de criminosos liderados por John Lithgow, que estão atrás de 100 milhões de dólares que caíram de um avião. O roteiro fraco é compensado pela magnífica fotografia das montanhas cobertas de neve do trabalho admirável dos dublês. Ralph Waite, o patriarca da família Walton, está no elenco, como piloto de helicóptero. Sly tira partido da boa condição atlética para impressionar, mas é dramaticamente uma nulidade, como sempre.

538 - CHUVA NIEGRA

chuva negra (black rain, usa, 1989) – de Ridley Scott. Thriller policial com Michael Douglas (25 de setembro de 1944) e Andy Garcia, que fazem dois agentes encarregados de levar um perigoso membro da Yakuza de volta ao Japão. No aeroporto, ele consegue fugir, tornando para Douglas uma questão de honra capturá-lo de novo, ainda mais depois de ele ter matado covardemente seu parceiro Garcia. Violento, mas com a grife inconfundível de Scott e seu ritmo estonteante lapidado durante anos dirigindo vídeo clipes. Só por ter feito o primeiro e originalíssimo Alien, Scott já teria lugar garantido entre os grandes do cinema em todos os tempos. A chuva negra do título é explicada como efeito climático posterior da bomba de Hiroshima.

537 - VOANDO ALTO

voando alto (view from the top, usa 2003) – de Bruno Barreto. Comédia sem um pingo de originalidade sobre uma jovem sonhadora Donna Jensen (Gwyneth Paltrow), que sonha em ser uma comissária de bordo de vôos internacionais. Depois de entrar numa companhia falida ela consegue entrar para um curso na famosa Royalty Airlines, com o instrutor estrábico John Whitney (Mike Myers). Claro que ela consegue seu objetivo, quase perdendo o amor de sua vida em função da sua determinação, mas resgatando-o logo em seguida. Igualzinho a tantos outros filmes na mesma linha meio aérea das comédias debilóides. Francamente, Bruno Barreto poderia ter feito coisa melhor. Pelo menos, foi feliz na escolha do elenco. Gwyneth está muito bonita, além de ser boa atriz. Aparece sempre de mini saia ou de biquíni, o que salva o filme. Myers, como sempre, está engraçado, especialmente quando tenta ler alguma coisa com o olho bom. Há uma participação de Kelly Preston, Rob Lowe e Candice Bergen, na plenitude de seu maduro encantamento. Christina Applegate faz a outra comissária do mal com quem, inevitavelmente, Donna compete para conseguir vencer. O par romântico de Donna é Mark Ruffalo, muito fraco para um papel ainda mais fraco ainda. Aí, Bruno Barreto fez uma péssima escolha. É um filme que reforça o lema “querer é poder”, bem afeito ao gosto do americano, mas engessado na fórmula fácil que mistura o politicamente correto com belos rostos femininos, sem um mínimo de consistência. O filme já estava pronto para ser lançado no Natal de 2001, mas devido aos ataques terroristas de 11 de setembro, o estúdio achou melhor não fazer blague com uma história que envolvesse aviões. Os de verdade, não Gwyneth e Preston.

536 - O CANTO DAS BALEIAS

o canto das baleias (whale music, canada 1994) – de Richard J. Lewis. Desmond (Maury Chaykin), um ex-rock star dos anos 60, vive isolado em sua casa, completamente descuidado e abatido por um passado de perdas, que envolve o suicídio do irmão e a infidelidade da esposa. Seu único prazer agora são suas composições dissonantes, dedicadas às baleias, que vão sendo estruturadas entre uma crise e outra. A mudança em sua vida acontece a partir do momento em que Claire (Cyndy Preston), uma garota aventureira, surge em sua vida. Achei chato, longo, depressivo e completamente desnecessário.

535 - SOL NASCENTE

sol nascente (rising sun, usa 1993) – com Sean Connery e Wesley Snipes, que fazem uma dupla de detetives que investigam o assassinato de uma mulher durante uma reunião de negócios com executivos japoneses. Confuso. Chato, mesmo com a presença do grande Connery e do competente Snipes. É aquele tipo de filme no qual o que mais importa são os atores, muito mais do que a história.

534 - O QUE UMA MENINA QUER

o que uma menina quer (what a girl wants, usa 2003) – o excelente Colin Firth (10 de setembro de 1960) é um aristocrata inglês que há 17 anos teve um romance com Kelly Preston e, depois, nunca mais a viu. Deste relacionamento, nasceu uma menina, Daphne (Amanda Bynes), que mora em Nova York com a mãe e cujo maior sonho é conhecer o pai. Então, decide ir a Londres para encontrar com ele, que está em plena campanha política para ser primeiro-ministro, provocando aquelas esperadas piadas sobre o choque cultural provocado por uma adolescente tipicamente americana e a sóbria e tradicional sociedade britânica. Filmes que evidenciam esta cisão de mundos entre americanos e ingleses já rendeu boas histórias, o que não é o caso desta aqui. O estereótipo do inglês retrógrado já me parece meio ultrapassado, assim como a excessiva liberalidade do americano médio, em especial os jovens do país de Bush. Esta dicotomia funcionou com o notável David Niven em A Volta ao Mundo em 80 Dias, mas não nesta pretensiosa comédia de costumes que só ressalta o resgate da relação entre pai e filha. Direção de Dennie Gordon

533 - FUGA DE NOVA YORK

fuga de nova York (escape from new york, usa 1981) – de John Carpenter. Que tal um Kurt Russel anabolizado, cabelo comprido e um tapa-olho bem no estilo pirata? Seu personagem se chama Snake e tem, coincidentemente ou não, uma cobra atuada na barriga que mais parece um ponto de interrogação – a cobra, não a barriga. É aquele tipo misterioso, que fala pouco e ainda ostenta uma indefectível barba por fazer, típica do estereótipo do bandido que se transforma em herói em função de suas habilidades. As habilidades, no caso, se referem à sua coragem de resgatar o presidente dos EUA da maior prisão americana de segurança máxima num futuro distante (1997) – a ilha de Manhattan. Um rotundo Donald Pleasence faz o medroso presidente americano, com sotaque britânico, e Ernest Borgnine é um motorista de táxi que ajuda Snake a achar o mandatário. A produção tem seríssimas restrições orçamentárias. Os cenários são paupérrimos, a atuações pífias e nada parece justificar o sucesso que o filme teve na época.

532 - JOGO DURO

jogo duro (reindeer games, usa 200) – de John Frankeinheimer. O bolha do Ben Affleck é um ex-condenado que, ao sair da prisão, encontra e se apaixona pela namorada por correspondência de seu amigo de cela, vítima de um atentado. A namorada é vivida pela bela Charlize Theron, bem antes da fama do Oscar. Gary Sinise é o chefe de uma gangue que quer usar as habilidades de assaltante de Affleck, acreditando que ele é o tal sujeito que morreu na prisão e por quem Affleck se faz passar, para roubar um cassino. Charlize está inevitavelmente bonita e faz um topless na piscina, em uma das cenas. Há algumas reviravoltas na trama que ajudam, mas não salvam o filme. A cara de bobo de Ben Affleck é impressionantemente convincente. E como ele é mau ator!

531 - MONICA, A TRAVESSA

monica, a travessa (monella, itália 1988) – de Tinto Brass. Produção italiana falada em inglês, o que tira um pouco o charme latino da história de uma menina espevitada, doidinha para perder a virgindade com o padeiro de sua cidadezinha. Anna Ammirati, a belíssima e sensual Lola deste filme, conseguiu o papel de forma inusitada: Tinto Brass quase a atropelou de carro acidentalmente quando ela estava andando de bicicleta e ela, brincando, disse que só o desculparia se ele a colocasse em algum filme dele. Ela, de fato, está uma graça, sempre usando saias vaporosas, blusas finas e sem sutiã. O sorriso é lindo, dos mais lindos que já vi.

sexta-feira, 16 de maio de 2008

530 - O QUARTO ANJO

o quarto anjo (the fourth angel, usa and UK 2001) – Jeremy Irons fica obcecado por vingança depois que sua mulher e filhas são mortas numa tentativa de seqüestro de um avião. O ótimo Forrest Whitaker faz um policial que tenta resolver o caso. O personagem de Irons vai atrás dos seqüestradores libertados misteriosamente por uma agência do governo americano, chefiada pelo desaparecido Jason Priestley, de Barrados no Baile.

529 - OS INCRÍVEIS

os incríveis (the incredibles, usa 2004) – animação da Pixar, com o apuro técnico de sempre, apesar de não ter gostado muito da história. Mas acho que devo assistir de novo para uma melhor avaliação. Da comédia de costumes à sátira política e ao drama familiar, OS INCRÍVEIS, trata de temas que mesmo os filmes ditos “adultos” não têm se interessado em abordar. Antes, o mais popular dos super-heróis, o Sr. Incrível agora vive como um funcionário oprimido de uma seguradora e pai de família dedicado, mas insatisfeito. O problema é que os super-heróis foram tirados de circulação há mais de uma década, quando uma onde de pedidos de indenizações contra eles se tornou caro demais para o governo mantê-los como agentes da lei. Tendo passado de benfeitores a figuras hostilizadas pelo público, os heróis precisam ocultar sua identidade como se fossem criminosos – daí a frustrante vida civil de Sr. Incrível, sua esposa, a Mulher-Elástico, e seus três filhos, todos também superpoderosos, evidentemente. Há uma homenagem a Edith Head, a mais célebre figurinista do cinema, no personagem Edna E. Mode, a costureira que adapta o uniforme de herói para um agora parrudo Sr. Incrível. A primeira parte do filme poderia ser uma produção dirigida por Billy Wilder e estrelada por Jack Lemmon, tal a sátira de costumes da vida do americano médio. A segunda parte é muito mais movimentada, com citações deliciosas a filmes de 007. Vale rever para uma melhor avaliação.

528 - MOONWALKER

moonwalker – with Michael Jackson. A pile of video clips from his most successful album, BAD. Only some good moments, especially when he is performing on stage, and dancing like a magician. The effects are outdated but the movie can be seen as a whole, especially if you are looking for good music and a remarkable performer at the peak of his career, still displaying an acceptable human appearance and singing more than perfectly. I personally like the songs Man in The Mirror and The Way You Make me Feel. The title refers to the way he dances backwards. Also to be highlighted the clip in which a group of children, a mini-Michael included, sings BAD in an underground garage. No story at all, just Michael by Michael. Sean Lennon takes part as a child who a transformer Michael saves him from the bad buy.

527 - A ILHA DA GARGANTA CORTADA

a ilha da garganta cortada (cuttroat island, usa 1995) – aventura de piratas protagonizada por Geena Davis (21 de janeiro de 1956) e Matthew Modine. O vilão é Frank Langella. Geena, apesar da boa presença, não convence como a filha que quer vingar a morte do pai e achar um tesouro numa ilha. Direção de Renny Harlin.

526 - O SEGREDO DO MEU SUCESSO

o segredo do meu sucesso (good advice, usa 2001) – Charlie Sheen é um corretor de imóveis que, depois de ir à falência, assume a coluna de conselhos sentimentais da ex-namorada (a lindíssima futura mulher de Sheen, Denise Richards), e começa a fazer sucesso, conquistando a editora durona. Tudo muito previsível e sem imaginação. A notar os comentários desairosos da personagem de Denise Richards quando volta de uma viagem ao Brasil. Acho que vi este filme no ano passado, não tenho certeza. Direção de Steven Rash.

525 - BETRAYAL

betrayal – thriller com Érika Eleniak que descamba para um road movie no qual ela, o filho e uma loura fatal e assassina (Julie Du Page) são perseguidos pela polícia. Julie é uma mulher bonita e interessante e ficou perfeita no figurino de mulher fatal, embora apresente um queixo meio quadrado, talvez resultado de um enxerto mal feito.

524 - DARK BLUE

dark blue – thriller policial com Kurt Russell fazendo a ronda na área mais barra pesada de Los Angeles. Clima pesado, num ritmo de vídeo clipe. Não é dos melhores filmes de Russel. Violento ao extremo.

523 - DOIS PERDIDOS NUMA NOITE SUJA

dois perdidos numa noite suja (brasil, 2002) – versão cinematográfica da famosa e maldita peça de Plínio Marcos, com Débora Falabella e Roberto Bomtempo, que fazem dois imigrantes enfrentando a barra de sobreviver em Nova York. A atmosfera é sombria e os diálogos rascantes refletem a aspereza das vidas perdidas num país distante. Débora está indevida e inevitavelmente bonita, mesmo fazendo um papel masculinizado que, em certos momentos, beira o estereótipo. Roberto Bomtempo é um ator sério, intenso, que leva o personagem Tonho às fímbrias da insegurança e da contradição. Os dois decidem assaltar para sobreviver. A história não funciona na tela grande. Violento, cruel, sem meias-palavras. Ao transpor Dois Perdidos para o cinema, o diretor reproduz a violência da peça de Plínio Marcos, mas não suas sutilezas. Tenta manter a essência do original mudando apenas o seu entorno. Parece que Joffily, o diretor, quis fundir o drama individual com a conotação política, para a qual o cenário armado no império do momento cumpre papel decisivo. Contudo, as imagens da Estátua da Liberdade, das saídas do metrô e dos ambulantes na decolam do imaginário mais gasto da metrópole a americana: em vez de reforçar este drama, elas o diluem em símbolos desnecessários – como a referência a Governador Valadares (MG). O que Joffily recria na tela é um romance bandido insinuado e convencional. Nele não faltam consumo de drogas, perseguições da Imigração e uma violência largamente mais explícita que a da peça. Opta-se pela exterioridade e o impacto, o que deve ter algum apelo estético e até mesmo comercial, mas no que toda adaptação se propõe a ser, uma homenagem a uma obra admirada, o filme peca por não compreender o seu objeto: afinal, Plínio Marcos é um clássico porque transcende a mera pirotecnia da marginália. Direção de José Joffily.

522 - BLIND SIDE

blind side (blind side, usa 1993) – casal (Rebecca de Mornay e Ron Silver), ao voltar de uma cidade no México, atropela e supostamente mata um homem. Decidem, então, não dizer nada e voltam para casa, na Califórnia. De repente, um homem estranho, Shell (Rutger Hauer), aparece e começa a chantageá-los, exigindo mais que dinheiro. Rebecca está muito bonita, com seus faiscantes olhos azuis, e exageradamente sexy, a ponto de deixar Hauer mais amalucado do que o costume. Hauer (23 de janeiro de 1944) ficou meio estereotipado com estes papéis de psicopata depois que fez A Morte Pede Carona. Aqui, repete a dose. Rebecca (29 de agosto de 1962) fez A Mão Que Balança o Berço e depois sumiu do grande circuito. O filme é um razoável thriller de suspense, apesar do final meio óbvio. Direção de Geoff Murphy.

521 - A BOLHA

a bolha (the blob, usa 1988) – de Chuck Russel. Refilmagem horrorosa do também horrível filme com Steve MacQueen, de 1958, que vi no ano passado. É impressionante como coisas estranhas podem acontecer numa cidadezinha do interior dos EUA. Nesta, Arborville, cai uma espécie de meteoro trazendo uma estranha forma de vida, gosmenta, parecendo uma gelatina, que devora as pessoas que passam pelo seu caminho. Depois, descobre-se que o tal meteoro nada mais era do que um experimento do exército americano que não deu certo e acabou gerando um organismo predador. Assim como nos filmes de Jason e Freddie Kurger, a gelatina assassina gosta de atacar namorados em plenas carícias preliminares. A produção é podre, bem típico de filme de segunda. Os atores são péssimos a ponto de a bolha parecer mais expressiva do que eles próprios.

520 - AS PONTES DE MADISON

as pontes de Madison (the Bridges of Madison county, usa 1995) – de Clint Eastwood. Maravilhoso, como sempre. O que dizer mais sobre esse filme? Emocionante, profundo, delicado. E ainda com Meryl Streep e Clint com atuações soberbas. Atenção para o poema de Byron que abre o livro de Robert. Tudo é excelente: da música à fotografia, os cenários, o ritmo envolvente. Um filme inesquecível. Para assistir sempre, sempre. É impressionante como Eastwood lida tão delicadamente com o tema, misturando os elementos sensoriais com os aspectos circunstanciais dos personagens. O Robert de Clint é uma pessoa do mundo e, portanto, sem muitas posses; enquanto Francesca, incapaz de se mover para outro universo, permanece apegada aos seus referenciais domésticos, como o marido e os filhos.

519 - MICHAEL

michael (michael, usa) – de Nora Ephron. John Travolta é um anjo pouco convencional – beberrão, mulherengo, boquirroto – que, no entanto, procura espalhar o amor entre os humanos. William Hurt e Andie MacDowell fazem o casal que, depois do desencontro, Michael reúne no fim do filme. Supostamente engraçado, às vezes lírico, o filme não entusiasma muito, embora eu tenha gostado de ver Travolta desmistificando a imagem angelical que ele, até então, vinha construindo (o filme é anterior ao redentor Pulp Fiction, no qual Tarantino o tirou do ostracismo artístico). Típico filme de Nora Ephron – uma especialista em comédias romântica inconseqüentes.

518 - MOMENTO CRÍTICO

momento crítico (executive decision) - com Kurt Russel. Russel é um funcionário do governo americano que se vê envolvido no resgate de um avião seqüestrado por terroristas árabes, que pretendem explodi-lo em Washington com um gás altamente letal. Após entrar no avião em pleno ar, juntamente com uma equipe de agentes treinados, Russel é obrigado a comandar a missão, depois que o líder, interpretado por Steve Seagal, morre num acidente com o avião em que estavam. Hale Berry faz uma das aeromoças e, como sempre, está linda, agora de cabelinho curto, como em 007. Ela é a primeira a perceber que os mocinhos estão à bordo e se constitui em peça-chave na prisão dos terroristas.

517 - O COLECIONADOR

O colecionador (the collector, usa 1966) – clássico com Terence Stamp fazendo um homem obcecado por uma mulher (Samantha Eggar), assim como pela sua coleção de borboletas. Se eu fosse o diretor, eu escalaria Terence Stamp como colecionador de selos – ficaria mais lógico. Ele acaba raptando a moça a põe num porão especialmente preparado para recebê-la. Diálogos interessantes e o inglês britânico impoluto dos protagonistas dão ao filme um charme especial, embora, às vezes, lembre um pouco a história de Psicose. Stamp está muito bem como o sujeito neurótico, com baixa auto-estima, que usa e abusa do direito de manter seu objeto de desejo em cárcere privado.

516 - O VINGADOR

o vingador (the man apart, usa) – thriller com Vin Diesel e direção e F. Gary Grey. Roteiro inteiramente previsível, sem muita originalidade. Depois que sua mulher é morta numa emboscada, Diesel vai atrás dos culpados, sem respeitar muito a lei. Já viram isso? Eu já. Além do mais, Diesel não me convence – pelo menos até agora – como ator. É canastrão mesmo, apesar de já ter trabalhado com Sydney Lumet e Spielberg

515 - O MÁSCARA

o máskara (the mask, usa 1994) – de Charles Russel. Este é um filme inteiramente visual, tanto que, se eu fosse o diretor, o faria mudo, já que a grande atração são os efeitos especiais que transformam Jim Carrey num super-herói de quadrinhos, mas com o estilo dos desenhos animados. Depois de encontrar uma misteriosa máscara, e de usá-la, Jim passa a realizar todas as suas fantasias, inclusive a de conquistar a moça de seus sonhos, uma arquetípica bombshell loura, interpretada por Cameron Diaz, no seu primeiro papel. Ela está bonita, embora quando vi o filme na primeira vez, a tenha achado insossa. Mas é atriz de recursos limitados, como comprovou a seqüência de sua carreira. O Máskara foi o veículo perfeito para Carrey extravasar seu repertório de trejeitos fisionômicos, que combinou perfeitamente com a máscara verde do protagonista.

514 - STRIPTEASE

striptease (striptease, usa 1996) – de Andrew Bergman. A história é conhecida: Erin Grant (Demi Moore), depois de perder a guarda de sua filha para seu marido pilantra (Robert Patrick), se torna uma stripper para juntar dinheiro e tentar uma nova apelação na justiça. Tudo deplorável. Demi Moore seminua é a única razão machista para se ver um filme que não chega a ser engraçado, não chega a ser dramático, ou sexy ou mesmo ruim o suficiente para ser chamado de entretenimento. Em contrapartida, uma outra atuação se salva no meio de tanta coisa ruim: a atuação de Burt Reynolds, como um senador tarado, que acha que Erin é um anjo e quer, de toda maneira, se casar com ela. A cena em que ela aparece coberto de vaselina, usando colete, shorts e botas é até engraçada. O sofrível Armand Assante, com seu queixo fora de lugar, é o detetive que ajuda Erin a se proteger do senador. A filha de Demi na vida real faz a sua filha no filme.

513 - ROSA DE FOGO

rosa de fogo (spanish rose/point of impact, usa 1993) – de Bob Misiorowski. Thriller com o bom, mas esquecido, Michael Paré, passado em Miami. O roteiro não tem nada de original: Paré é Jack, um policial da alfândega que é demitido pelo chefe, e recebe uma proposta de emprego de um cubano rico (Michael Ironside) e com passado misterioso. Aí, ele se apaixona pela mulher gostosa do chefe (Barbara Carrera), que sofre num casamento ruim. A nicaragüense Carrera, cuja beleza já apresenta irreversíveis traços de decadência, está muito aquém de ser a mulher fatal que o argumento exige. Paré é um daqueles candidatos a galã que não deram certo no cinema americano. Apesar de bonito e de ser um ator razoável nos filmes de ação que faz, Paré acabou nestas produções de segunda linha, sem grande destaque. Foi o mesmo que aconteceu com outro Michael, o Biehn. Os dois são, inclusive, muito parecidos. Biehn sumiu depois de ter feito o herói que vem do futuro salvar Sara Connor, em o Exterminador do Futuro I. O último filme que vi com ele foi The Art of War, com Wesley Snipes.

512 - ANTICORPO

anticorpo (antibody, usa 2002) – patético filme de ficção fazendo uma nova leitura do clássico Viagem Fantástica, clássico de Richard Fleischer de 1966, com verniz da nanotecnologia do século XXI. Ganha fácil o troféu de Pior do ano até agora. Lance Henriksen (o Bishop de Aliens - 05 de maio de 1940) é um especialista no desarme de bombas que é miniaturizado, juntamente com uma equipe, e injetado num terrorista em cujo corpo foi instalado um detonador microscópico. Robin Givens, aquela mesma que casou com Mike Tyson, faz a piloto do submarino em que viajam, batizado de Helix e bem parecido com o Proteus do filme de 66. Ela é péssima atriz e ajudou a estragar um filme que, por si só, é uma das piores coisas que já vi. Este genérico do excelente filme de Fleischer já peca quando se apóia nos cenários virtuais gerados por computador, que dão ao filme um jeito, assim, de desenho animado, com atores mais que desanimados. Deveria se chamar antifilme. Podre

511 - BATMAN PARA SEMPRE

batman para sempre (batman forever, usa 1995) – direção de Joel Schumacker. Talvez o melhor produto da franquia do homem-morcego inaugurada por Tim Burton com seu Batman de Michael Keaton em 1992. Val Kilmer faz um Bruce Wayne convincente que, em meio a batalha com o mal personificado no Charada de Jim Carrey e no Harvey Duas-Faces de Tommy Lee Jones, ainda tem que resistir (ou fingir que resiste) ao assédio de uma bela e loura médica, Dra. Chase Meridian (Nicole Kidman). O filme ganha um pouco mais de peso dramático ao enfocar as relações de Wayne com seu passado e com seu alter-ego vingador, e com seu novo parceiro Dick Grayson (Chris O’Donnel), a quem acolhe depois que este tem a família de acrobatas assassinada por Duas-Faces. A concepção cenográfica continua sendo de alto nível. Carrey, ainda na sua fase de careteiro, exagerou, mais uma vez, nas expressões fisionômicas, mas fez um Coringa bem fiel à performance do que víamos na TV. Nota-se, claramente, a diferença de direção entre Burton e Schumacker. Agora, vemos Batman muito mais atormentado com a sua condição de vingador, coisa que não parecia ser intenção principal de Burton, sempre mais interessado no perfil dos vilões.

510 - FLORES DE AÇO

flores de aço (steel magnolias, usa 1989) – este filme parece ser um genérico do premiado Laços de Ternura, e não chega a decepcionar, embora o drama se justifique muito mais pela presença de atrizes famosas do que pelo conteúdo da história. Foi bom ver Dolly Parton de novo. Nunca a esqueci. Sally Fields é a mãe de Shelby (Julia Roberts), que vai se casar e, com isso, mobiliza toda uma comunidade de uma cidadezinha em Louisiana. De fato, todos falam com aquele sotaque caipira irritante. Shirley MacLaine, Darryl Hanna, Olympia Dukakis completam as flores deste jardim. Dolly deveria ter feito a mãe de Julia Roberts, pois se parecem muito, principalmente de perfil. Sally Fields continua com a mesma carinha de menina dos tempos de A Noviça Voadora. Completa o elenco o ótimo Tom Skerrit, o capitão da Nostromo em Aliens 1 e o inesquecível Evan Drake de Cheers..

509 - LUGARES COMUNS

lugares comuns (lugares comunes, Argentina, 2002) – o filme do diretor Adolfo Aristarain trata de uma jornada de fracassos de Fernando, um professor de literatura, e sua esposa, após ter sido obrigado a se aposentar. Esse afastamento simboliza o arquivamento dos ideais de transformação da esquerda e o progressivo enfraquecimento das convicções no mundo do pragmatismo e das conveniências. Há um desânimo com a contemporaneidade que, na tela, é traduzida por certa impotência estética.

508 - A COISA

a coisa (the thing from another world, usa 1951) – de Christian Nyby. Talvez um precursor distante do Alien de Ridley Scott, com todas as limitações do um baita filme B que refletia o medo que se disfarçava no inconsciente coletivo do mundo daquela época: a invasão espacial, possível metáfora da ameaça comunista do pós-guerra. Um grupo de cientistas vai ao Pólo Norte investigar a aterrissagem de um artefato. Acabam descobrindo que é um disco voador, com um alienígena, que tentam conservar no gelo. Este alienígena é a tal coisa do título. Pobre rapaz. É perseguido, atacado e queimado pelos cientistas que, como sói acontecer nestes filmes, acabavam se deixando dominar pelo medo do desconhecido e destruíam o objeto de sua pesquisa. O final é constrangedor: o repórter que acompanha o grupo termina sua transmissão via rádio pedindo que todos passem, daquele momento em diante, a observar o céu. E repete o pedido várias vezes, até os débitos finais (digo, créditos). Podre. Fuja desta coisa.

507 - AS PANTERAS DETONANDO

as panteras detonando (charlie’s angels full throtlle, usa 2003) – de McG. É horrível, mas dá para ver, se você estiver num bom dia e não se deixar irritar pelas caretas de Cameron Diaz ou pelos absurdos do roteiro. Mas dá para matar a saudade de Demi Moore, embora muito magra, com o rosto escaveirado, mas ainda Demi Moore. Por sinal, Bruce Willis faz uma ponta logo no começo. Os dois não se reencontram. Pena, gostava do casal. Tudo serve de pretexto para efeitos especiais, o que esvazia ainda mais o flébil roteiro. Patética, silenciosa e desnecessária participação de Rodrigo Santoro. Diaz, Luci Liu e Drew Barrymoore não possuem nenhuma química e não convencem com o papo de “amigas para sempre”. Jacklyn Smith, uma das panteras originais, faz uma pequena participação, numa justa homenagem. Cinema-pipoca de puro consumo juvenil. O título deveria ter sido mantido em inglês: As Panteras a todo gás.

506 - BATMAN, O RETORNO


batman, o retorno (batman returns, usa 1992) – de Tim Burton. A estética do cinema de Burton é original e impressionante. Sua preferência pelos personagens malvados é notória aqui e, de fato, não é difícil para o excelente Danny DeVito (O Pingüim) e Michele Pfeiffer (Mulher-Gato) superarem o desenxabido Batman de Michael Keaton, totalmente inadequado para o papel. Além de DeVito, quem rouba as cenas em que aparece é a lindíssima Michele Pfeiffer, linda e sensual como a Mulher-Gato e totalmente diferente do equivocado papel de Hale Berry no filme homônimo. Este filme ainda é mais sombrio e deprimente do que o primeiro, no qual a esfuziante performance de Jack Nicholson como o Coringa ainda dava cores à história. Esse não. O Pingüim de DeVito simboliza todos os rejeitados, os renegados pelo sistema no que estes têm de mais cruel e vingativo. Definitivamente, não é um filme divertido. É para pensar e se deprimir. Burton tem clara preferência pelos personagens maus. Estes sempre fascinaram, é bem verdade. A tragédia grega é uma sucessão de monstros, como Medéia, que mata os próprios filhos. Shakespeare consagrou vilões como Macbeth e Ricardo III. Em Paraíso Perdido, de John Milton, o personagem mais forte não é Deus, mas o demônio. A cultura pop consagrou alguns ícones do mal, como o tenebroso Darth Vader, de Guerra nas Estrelas.

505 - COPACABANA ME ENGANA

copacabana me engana – de Antônio Carlos Fontoura. Filme pretensamente cabeça, com Odete Lara fazendo uma balzaquiana que seduz um garotão (Carlo Mossy) e vive assediada pelo ex-marido, Paulo Gracindo. A única coisa interessante é ver o Rio da década de 60 e constatar como a cidade era diferente. A ação, como era de se esperar, se passa totalmente em Copacabana, embora o diretor tenha preferido explorar o interior dos apartamentos, ao invés de fazer mais externas. Tirando Paulo Gracindo, o restante do elenco é de baixíssimo nível, com a exceção, talvez, de Cláudio Marzo, que faz o irmão mais velho de Mossy. Odete Lara é totalmente inexpressiva. Mossy foi justamente esquecido no panorama artístico brasileiro. Aliás, o elenco, num todo, está muito mal. Um horror! Se Copacabana te engana, não deixe o mesmo acontecer com este filme medíocre.

504 - PANTALEÃO E AS VISITADORAS

pantaleão e as visitadoras (pantaleón y las visitadoras, peru 2000) – de Francisco J. Lombardi. Filme baseado no livro homônimo de Mario Vargas Llosa, com uma visão crítica das ações inconfessas dos militares em geral, caracterizadas, neste filme, como um contrato feito pelo exército peruano com um grupo de prostitutas para darem alívio aos soldados da fronteira amazônica. Vale a pena pela presença da mais bela visitadora que se em notícia, a Colombiana (Angie Cepeda), uma espécie de Cataratas do Iguaçu em forma de mulher. Indicação do Miranda, que inclusive me emprestou o filme.

503 - STAR TREK, O RECOMEÇO

star trek – o recomeço (star trek, first contact, usa 1996)excelente, um dos melhores longas com o pessoal da Nova Geração, com ótimos efeitos especiais e Patrick Steward fazendo um comandante Jean-Luc Picard mais humano do que nunca, diante dos absurdos que as guerras intergalácticas proporcionam. Numa viagem no tempo, atrás dos inimigos Borgs, a Enterprise volta a Terra no século 21, para encontrar o inventor dos motores que possibilitaram a construção das futuras espaçonaves. Sempre politicamente correto, Picard quase se apaixona por uma negra, embora não concretize o sentimento, fazendo remeter ao relacionamento que Kirk parecia ter com a tenente Iura, na Enterprise dos anos 60.