quarta-feira, 14 de maio de 2008

477 - SIMONE

simone (simone) – este filme é mesmo genial, e gosto cada vez mais dele toda vez que o vejo. O roteiro é sensacional e, além disso, o grandíssimo Al Pacino brilha, como sempre, em cena. A história é uma crítica mordaz à construção artificial das celebridades instantâneas de hoje em dia. Cansado de ser desprezado pelos estúdios e pelos atores que dirige, o diretor Viktor Taransky (Pacino) ganha de um programador de computador que está à beira da morte um programa virtual que cria uma atriz totalmente perfeita, Simone (Rachel Roberts). Viktor passa a inseri-la nos seus filmes e o sucesso é imediato, com Simone mesmerizando platéias em todo mundo. Ironicamente, Viktor percebe que ela, uma imagem virtual, passa a ser muito mais importante do que ele, seu suposto criador. Ao combater a idéia de que os diretores estão nas mãos dos atores, ele corrobora isso com o incontrolável culto à imagem de Simone que, de um programa de computador, passa a determinar a vida dele. Esta contradição vai crescendo durante o filme, mostrando-nos como somos manipulados pela imagem imposta pela mídia e que podemos nos iludir sem questionar. Em uma de suas falas, Pacino diz que é mais fácil enganar cem mil pessoas do que uma apenas. O filme jogo o tempo todo com o conceito de criação, por parte dos atores, mas também por parte da imaginação e expectativa do público em função dos que eles acreditam que seja verdade. Chega uma hora em que Viktor começa a odiar sua criação ao se dar conta de que ela é, para todos, inclusive para sua ex-mulher e filha, muito mais importante do que ele. Numa das suas tentativa de destruí-la diante do público, ele a exibe num chiqueiro, comendo junto com porcos. O público delira. Numa entrevista, ele a faz dizer as maiores barbaridades. Todos adoram, achando-a uma pessoa verdadeira e com personalidade marcante. Esta reflexão é maravilhosa: a falta de visão crítica em relação àqueles que cultuamos nos faz acreditar em qualquer coisa. Quando Viktor tenta dizer a verdade, para se livrar da escravidão que Simone lhe impôs, ninguém acredita nele. Atenção para a fantástica fotografia do filme.