(BRASIL, 2011) - Apesar do clima meio experimental, OS TRÊS parece ter uma proposta de discussão dos reality shows e da influência da interatividade que a internet possibilita, em meio a planos arrojados de marketing. Três jovens universitários inseparáveis, dois rapazes e uma garota, dividindo um apartamento. Esta, que pode ser a descrição de inúmeras repúblicas estudantis, é a base do roteiro de “Os 3″, longa de Nando Olival. Obviamente haverá tensão romântica na mistura e pronto: surge uma história que o cinema vez por outra revisita e que resultou em filmes como o recém revisto O SHOW DE TRUMAN. O roteiro acrescenta um detalhe: o projeto de conclusão de curso dos três protagonistas consiste numa espécie de reality show via internet, no qual é possível comprar os produtos usados pelas pessoas que são vigiadas por câmeras 24 horas por dia. Naturalmente, os três acabam como cobaias do projeto. Os personagens começam a questionar, afinal, o que é ficção e o que é realidade numa vida midiatizada. Essa é a pergunta que todo filme acaba provocando, à medida em que as interferências externas vão pautando as ações e as reações do trio. É só olhar com mais calma para notar que, mais do que criticar a sociedade de consumo ou depreciar um dado formato de programa de TV, o filme está na verdade falando sobre si mesmo enquanto representação de uma realidade que, num mundo pós-moderno, acaba por ser um simulacro dela própria. Numa leitura mais superficial, o que fica do filme é a presença bela e magnética de Juliana Schalch, que parece ser uma dessas atrizes que têm tudo para fazer uma carreira impressionante, pois é talentosa e carismática, desde que possa se libertar, aos poucos, da imagem perturbadoramente sexy que possui e que o roteiro explora em quase todas as suas cenas, nas quais ela aparece de lingerie. Muito linda, diga-se.