JERRY
LEWIS – Ainda me lembro perfeitamente do dia em que vi meu
primeiro filme com Jerry Lewis. Era DISORDELY ORDELY (Bagunceiro Arrumadinho,
aqui no Brasil, que revi recentemente com Luana). Eu saí do Cinema Eldorado, arrastado
por minha tia (eu não queria sair do cinema), achando que o mundo era assim
mesmo: engraçado, como Jerry Lewis, e, ao mesmo tempo, trágico. Sim, na fita
(ainda chamávamos filme de fita), Jerry se apaixonava por uma garota que não
queria nada com ele e sofria, coitado, como se não houvesse mais futuro para ele.
Felizmente, houve, sim. Misturando sua vida real com a dos filmes que estrelou,
escreveu e dirigiu, Lewis passou nove décadas neste planeta, sempre produtivo,
sempre genial. Ensinou cinema a Spielberg e George Lucas, que foram seus alunos
na Univesidade da Califórnia, e era um “clothes horse”, expressão em inglês para
um hábito peculiar: nunca usava ternos e meias mais de uma vez. Tinha muito de Holden
Caulfield, personagem de O APANHADOR NO CAMPO DE CENTEIO, era o melhor amigo de
Sammy Davis Jr, um dos caras mais legais do showbiz americano, e do presidente Kennedy. Fã de Al Johnson, uma vez, disse: “Não há diferença entre comédia e tragédia”, a mesma
percepção que eu tive quando o vi em tela grande, pela primeira vez. Não há mesmo.