terça-feira, 31 de dezembro de 2024

4617 - PARIS, TEXAS (1984)

     

Icônica virada de rosto de NK

PARIS, TEXAS (USA, 1984) – Numa imagem aberta, numa área desértica do interior dos EUA, um homem alquebrado caminha aparentemente sem rumo. Assim começa um dos maiores filmes de todos os tempos, um verdadeiro tratado sobre a solidão, as perdas, os sonhos, os abandonos, a sensação de total falta de sentido em determinado momento da vida. Tudo isso abordado por Wim Wenders através de metáforas poderosas e inesquecíveis – como, por exemplo, esquecer a cena na qual Travis (Harry Dean Stanton) conversa com Jane (Natassja Kinski) através do espelho de um peep-show, um toque lyncheano, num dos mais marcantes solilóquios já vistos no cinema? Road movie por excelência, PT também faz uso extremamente original da paleta de cores, desde a primeira cena, sempre acompanhado dos acordes da guitarra de Ry Cooder, emulando a beleza árida do Texas, uma paisagem de apelo universal, e o microcosmo do rosto abatido do protagonista. Além disso, há uma interessante abordagem da desconstrução do american way of life, do machismo do oeste e da violência familiar e, sobretudo, a alienação causada pela falta – ou impossibilidade – de diálogo. Um filme perfeito. In an open shot, in a desert area of the interior of the USA, a broken man walks seemingly aimlessly. Thus, begins one of the greatest films of all time, a true treatise on loneliness, losses, dreams, abandonments, the feeling of total meaninglessness at a certain point in life. All this approached by Wim Wenders through powerful and unforgettable metaphors – such as, for example, the unforgettable scene in which Travis (Harry Dean Stanton) talks to Jane (Natassja Kinski) through the mirror of a peep-show - a Lynchean touch - in one of the most remarkable soliloquies ever seen in cinema? Road movie par excellence, PT also makes extremely original use of the color palette, from the first scene, always accompanied by Ry Cooder's guitar chords, emulating the arid beauty of Texas, a landscape of universal appeal, and the microcosm of the protagonist's haggard face. In addition, there is an interesting approach to the deconstruction of the American way of life, the machismo of the West and family violence and, above all, the alienation caused by the lack – or impossibility – of dialogue. A perfect movie. Mubi.