quinta-feira, 1 de maio de 2008
337 - ABSOLUTAMENTE CERTO
absolutamente certo (brasil, 1957) – de Anselmo Duarte. Quando o nome de Anselmo Duarte (21 de abril de 1920) surge numa conversa, a maioria das pessoas pensa logo em O Pagador de Promessas, filme de 1962 do ator e cineasta que deu ao Brasil sua única Palma de Ouro de Cannes. O drama com tintas sociais, no entanto, não foi o único no gênero explorado por Duarte, como mostra este seu primeiro longa metragem, no qual, claro, ele faz o papel principal, um empregado de gráfica que consegue memorizar a lista telefônica de São Paulo e é convencido a participar de um programa de perguntas e respostas. Absolutamente Certo é um dos últimos exemplares da era dourada das chanchadas e já mostra a cidade de São Paulo com ares de modernidade, afinal, estávamos às vésperas de Brasília e a capital paulista já reinava como metrópole de altíssimos edifícios e viadutos arrojados, como vemos em uma das cenas. O filme tem um grande trabalho de câmera, uma edição ágil e uma produção caprichada, duas excelentes seqüências nas ruas de São Paulo (uma num Jaguar branco e outra num bonde), diálogos acima da média da época e boas cenas de luta. Dercy Gonçalves (23 de junho de 1907), como a mãe da donzela pretendida por Anselmo, lembra muito as mães dos filmes de Fellini; Odete Lara (17 de abril de 1929) está realmente muito linda como mulher fatal que até ousa dar um beijo de língua no galã e diretor Anselmo. Este é um filme de uma época que bastava ter uma direção competente para conseguir sucesso com um público que, em breve, viria a conhecer o Cinema Novo e as produções que dariam a cara dos anos 60 no Brasil. É curioso que Absolutamente Certo faça uma crítica ao fascínio da então incipiente TV brasileira, a mesma que, anos mais tarde, cooptaria a chanchada na sua essência e estilo.