quarta-feira, 7 de maio de 2008
394 - FRANKENSTEIN
frankenstein (frankenstein, usa 1932) – de James Whale. Foi a primeira vez que vi o filme em DVD. Os extras são maravilhosos ! A atmosfera gótica criada pelo diretor resiste ao tempo e ainda provoca pavor . Frankenstein é uma história que permanece atual porque retrata – olha Dorian Gray aí , gente – a humana e sobre-humana busca pela imortalidade e o questionamento da existência . A caracterização de Karlof como a Criatura tornou-se referência imagética eterna . Henry Frankenstein (Colin Clive), um cientista louco , vagueia à noite pelo cemitério na companhia de Fritz (Dwight Frye), um anão corcunda que é seu assistente . Frankenstein procura mortos e costura partes de diversos cadáveres para fazer um único homem , mas para "dar " a vida a este ser monstruoso um cérebro é necessário . Assim , ele manda Fritz para o departamento médico de uma universidade próxima , onde o corcunda esquadrinha vários jarros nos quais foram mantidos cérebros vivos para estudos . Fritz seleciona um cérebro e está rumo à porta quando se assusta com um carrilhão , fazendo-o derrubar o jarro . Ele rapidamente pega outro , sem reparar que no rótulo está escrito "cérebro criminoso ". Frankenstein, desconhecendo o fato , coloca o cérebro em sua criatura e espera uma tempestade elétrica , que ele precisa para ativar a maquinaria que construiu para eletrificar o corpo da sua criatura . Durante esta experiência estranha Dr. Waldman (Edward Van Sloan), um tutor de Frankenstein no passado ; Elizabeth (Mae Clarke), a noiva de Frankenstein; e Victor (John Boles), seu melhor amigo , tentam fazê-lo desistir deste experimento . Mas o cientista está frenético e logo infunde vida na criatura dele, mas as conseqüências de tal ato serão trágicas. Laicizando o tema da (re)criação do (super)homem , Mary Shelley cria um plano dramático de condenação para Frankenstein por pretender romper a barreira entre a vida e a morte . A visão da natureza como exemplo perfeito de força vital pressupõe a existência do ciclo entre a vida e a morte , pois a vida brota da decomposição da matéria morta em uma projeção perpétua para o futuro . Nesse sentido , tal espiral não pode ser rompida e, caso ocorra, estaríamos diante de um novo paradigma , algo estranho a tudo existente em matéria de saber , normas , valores e convenções . Tal é a condição existencial de um monstro . O monstro , ou pária social , é o sinal de que algo dentro de uma sociedade vai mal . No entanto , longe de contemplarem a si mesmas na imagem do monstro , as sociedades tendem geralmente a criar fronteiras (reais /simbólicas) para projetar no alienígena social os seus males .