sábado, 2 de dezembro de 2017

2995 - VIRANDO A PÁGINA

 
Grant, em aula
     
VIRANDO A PÁGINA (THE REWRITE, USA 2015) – Hugh Grant tem um talento único: faz a si mesmo com perfeição. Em três filmes, o argumento é o mesmo: seu personagem é sempre alguém que fez um grande sucesso e, de repente, se vê diante de um recomeço. Foi assim em ABOUT A BOY, LETRA E MÚSICA e, agora, neste VIRANDO A PÁGINA, ótimo título em português para uma história sobre um roteirista de um grande sucesso em Hollywood e que vai dar aulas de redação em uma universidade. O fato é que Grant, nestes três filmes, consegue repetir os mesmos trejeitos, sem ser cansativo, e mantém uma curiosa e rara conivência com o espectador, seduzindo-o com um olhar melancólico e uma atitude irônica que nos parece agradável e permanentemente familiar. Embora o filme prometa uma comédia leve, VIRANDO A PÁGINA traz elementos reflexivos bem profundos, misturados em cenas aparentemente apenas engraçadas. Grant achou seu caminho dramático ao encarar, sem medo, os limites da idade. Sem reinventar a roda, o filme lança luzes sobre os aspectos fugazes da fama, o valor das relações verdadeiras que florescem sem a selvagem competitividade do mundo pós-moderno, além de ter um novo olhar para o ambiente de uma sala de aula numa daquelas encantadoras universidades americanas.