VIRANDO
A PÁGINA (THE REWRITE, USA 2015) – Hugh Grant tem um talento
único: faz a si mesmo com perfeição. Em três filmes, o argumento é o mesmo: seu
personagem é sempre alguém que fez um grande sucesso e, de repente, se vê
diante de um recomeço. Foi assim em ABOUT A BOY, LETRA E MÚSICA e, agora, neste
VIRANDO A PÁGINA, ótimo título em português para uma história sobre um roteirista de um grande
sucesso em Hollywood e que vai dar aulas de redação em uma universidade. O fato
é que Grant, nestes três filmes, consegue repetir os mesmos trejeitos, sem ser
cansativo, e mantém uma curiosa e rara conivência com o espectador, seduzindo-o
com um olhar melancólico e uma atitude irônica que nos parece agradável e
permanentemente familiar. Embora o filme prometa uma comédia leve, VIRANDO A
PÁGINA traz elementos reflexivos bem profundos, misturados em cenas
aparentemente apenas engraçadas. Grant achou seu caminho dramático ao encarar,
sem medo, os limites da idade. Sem reinventar a roda, o filme lança luzes sobre
os aspectos fugazes da fama, o valor das relações verdadeiras que florescem sem
a selvagem competitividade do mundo pós-moderno, além de ter um novo olhar para
o ambiente de uma sala de aula numa daquelas encantadoras universidades
americanas.