Hugh Jackman, o Wolverine perfeito |
LOGAN
(LOGAN, USA, 2016) – A primeira impressão, logo no começo do filme, é
que Logan (Hugh Jackman) aderiu ao Uber para ganhar a vida, pois, sabemos, não
está fácil para ninguém. De fato, Logan está alquebrado, cabelo e barba cheios
de fios brancos, respiração ofegante. Em nada se parece com o Wolverine das
sete edições anteriores do personagem no cinema. É assim, entre a aceitação e a
relutância de aceitar a própria decrepitude, que Logan mergulha no longo e
doloroso processo de reencontrar o homem que há dentro dele. Neste caldeirão de
sofrimentos, ele ainda tem que cuidar do Professor Xavier (o grandíssimo
Patrick Stewart, numa atuação de cortar o coração de tão sofrida e dramática) e
de Laura, de 11 anos, cujos esqueleto e lâminas de Adamantium deixam Logan
confuso e perplexo com a perspectiva de descobrir uma paternidade que, ao mesmo
tempo, o repugna e o consome. O roteiro apresenta referências a dois filmes que
refletem a mesma temática. A primeira, OS BRUTOS TAMBÉM AMAM (1953), é mais
explícita; a segunda, OS IMPERDOÁVEIS (1992), de Clint Eastwood, é mais
implícita, porém igualmente impactante: é a história de um matador que sai da
aposentadoria tão angustiado quanto Wolverine diante de seu último trabalho. O filme
de Eastwood emula os desafios que Logan tem que enfrentar: os limites da velhice,
a desilusão com os próprios feitos e a sofrida constatação de que ainda há algo
importante, ainda que indefinido, por fazer e que todo mundo, mesmo os super-heróis,
envelhecem.