quarta-feira, 20 de dezembro de 2017

3006 - OS MACHÕES

Os três em ação
       OS MACHÕES (BRASIL, 1972) – Apesar de ter Reginaldo Faria como o galã protagonista, além de diretor, quem realmente se destaca nesta pornochanchada meio atípica é mesmo Erasmo Carlos, cuja atuação ganhou o prêmio da APCA, de Melhor Ator Coadjuvante. O terceiro elemento é Flávio Migliaccio, também excelente com um personagem meio “clown” que ele mesmo, em sua carreira, erigiu como sua “grife” pessoal. O roteiro é direto: os três amigos passam a vida armando esquemas para ganhar dinheiro e conquistar mulheres facilmente, mas poucas vezes tem sucesso nas empreitadas. Até que, um dia, pensam no plano perfeito: os três tornam-se cabeleireiros gays para poderem se infiltrar com maior facilidade na intimidade das mulheres. Narrativamente, o filme se equivoca ao apresentar histórias paralelas com os três amigos, deixando um pouco de lado o que realmente funciona: os três, juntos em cena. É desta forma que a história alcança seus melhores momentos. Como era natural na época, o roteiro apresenta situações homofóbicas e a total reificação da mulher diante de uma sociedade predominantemente machista. Estes dois aspectos são cruciais para o entendimento do panorama cultural da época. A canção-tema foi mais um dos tiros certeiros de Roberto e Erasmo: “Mundo Cão” descreve com fidelidade o ambiente da trama e a motivação de seus personagens principais. É mesmo curioso constatar que Erasmo poderia facilmente ter seguido uma carreira de ator, por causa da sua naturalidade ao entregar as falas e ao seu “timing” cênico. Se tivesse trabalhado este talento bruto, ele certamente teria tido enorme sucesso no cinema nacional.