Os três em ação |
OS
MACHÕES (BRASIL, 1972) – Apesar de ter Reginaldo Faria
como o galã protagonista, além de diretor, quem realmente se destaca nesta
pornochanchada meio atípica é mesmo Erasmo Carlos, cuja atuação ganhou o prêmio
da APCA, de Melhor Ator Coadjuvante. O terceiro elemento é Flávio Migliaccio,
também excelente com um personagem meio “clown” que ele mesmo, em sua carreira,
erigiu como sua “grife” pessoal. O roteiro é direto: os três amigos passam a vida armando esquemas para ganhar
dinheiro e conquistar mulheres facilmente, mas poucas vezes tem sucesso
nas empreitadas. Até que, um dia, pensam no plano perfeito: os três tornam-se
cabeleireiros gays para poderem se infiltrar com maior facilidade na intimidade
das mulheres. Narrativamente, o filme se equivoca ao apresentar
histórias paralelas com os três amigos, deixando um pouco de lado o que
realmente funciona: os três, juntos em cena. É desta forma que a história
alcança seus melhores momentos. Como era natural na época, o roteiro apresenta
situações homofóbicas e a total reificação da mulher diante de uma sociedade
predominantemente machista. Estes dois aspectos são cruciais para o
entendimento do panorama cultural da época. A canção-tema foi mais um dos tiros
certeiros de Roberto e Erasmo: “Mundo Cão” descreve com fidelidade o ambiente
da trama e a motivação de seus personagens principais. É mesmo curioso constatar
que Erasmo poderia facilmente ter seguido uma carreira de ator, por causa da sua
naturalidade ao entregar as falas e ao seu “timing” cênico. Se tivesse trabalhado
este talento bruto, ele certamente teria tido enorme sucesso no cinema nacional.