sábado, 23 de dezembro de 2017

3008 - FILHOS DO SILÊNCIO

Hunt e Matlin, uma amor além das palavras
FILHOS DO SILÊNCIO (CHILDREN OF A LESSER GOD, USA 1986) – FILHOS DO SILÊNCIO  é uma belíssima história de amor que vai além das palavras: um professor de surdos, James Leeds (William Hurt) se apaixona pela zeladora deficiente auditiva, Sarah Norman (Marlee Matlin), da escola em que trabalha. Nesta história, o sentimento é tão simples e o conflito tão plausível, que nos sentimos menos vendo um filme, mas sim acompanhando dois amigos através de seu processo de descoberta do amor. Toda cena é como uma fotografia capturando a essência de cada momento do processo de aproximação entre James e Sarah. Ah, e há os olhos de Marlee, impressionantemente expressivos, muito além de qualquer palavra. Em certos momentos, é como se estivéssemos vendo uma pintura em movimento, como se Vermeer ou Michelangelo estivessem a cargo da direção. O filme é uma poderosa mensagem de amor incondicional, aceitação mútua e crescimento pessoal, em que a diretora Randa Haines documenta, meticulosamente, os esforços necessários para a realização de um verdadeiro relacionamento amoroso. Há cenas memoráveis. Numa delas, Sarah, na borda da piscina, apenas observa James, quando ele vem procurá-la – é inacreditável o que seus olhos dizem. Em outra cena linda, James, que adora Bach, diz a Sarah que não consegue mais apreciar a música, pelo fato de ela não poder. Numa sequência emocionante, depois de uma breve separação, James mergulha na piscina, como se quisesse reencontrar Sarah no silencioso mundo submerso e líquido. Também impressionante é a atuação de Hurt, praticamente minimalista, permitindo que seus silêncios sejam tão eloquentes quanto o de Sarah. Não é de se admirar que os dois atores tenham se aproximado romanticamente durante as gravações. Está clara em cena a alta voltagem entre os dois. Marlee recebeu justamente o Oscar por esta atuação. Infelizmente, ela nunca mais teve a oportunidade de ter outros papéis à altura de seu imenso talento.