8 ½ (Itália, 1963) – Essa obra-prima de Fellini é uma experiência a ser revisitada de tempos em tempos, em função dos múltiplos níveis de interpretação oferecidos pelo roteiro autobiográfico do marido de Giulietta Masina. Marcello Mastroianni é Guido, um diretor com bloqueio criativo e uma série de traumas existências cuja origem está no caldo de cultura latina da Itália do pós-guerra, envolvendo a influência da igreja católica, o fantasma do pecado, conflitos com a relação materna, a reconstrução do país no sentido cultural, depois da onda neorrealista de Rosselini. Uma coisa é certa: não é um filme para se ver apenas uma vez – 8 ½ é como se fosse uma dízima periódica narrativa, capaz de estabelecer identificações com todo tipo de público. Basta ter paciência, como a história tão bem coloca. E, além do mais, Fellini conseguiu a perfeita tradução da beleza feminina, um dos anseios de Guido: Claudia Cardinale. This masterpiece by Fellini is an experience to be revisited from time to time, due to the multiple levels of interpretation offered by the autobiographical script of Giulietta Masina's husband. Marcello Mastroianni is Guido, a director with creative block and a series of existing traumas whose origin is in the Latin culture of post-war Italy, involving the influence of the Catholic Church, the ghost of sin, conflicts with the maternal relationship, the reconstruction of the country in the cultural sense, after Rosselini’s neorealist wave. One thing is for sure: it is not a film to be seen only once – 8 1/2 is as if it were a periodic narrative tithe, capable of establishing identifications with all types of audiences. Just be patient, as history puts it so well. And, moreover, Fellini achieved the perfect translation of feminine beauty, one of Guido's desires: Claudia Cardinale. DVD.