MEU VIZINHO ADOLF (MY NEIGHBOR ADOLF, Israel, Polônia, Colômbia, 2022) – Nos anos 60, na América do Sul, o senhor Polski (David Hayman, soberbo), um sobrevivente do Holocausto desconfia que seu novo vizinho (Udo Kier, igualmente perfeito) é Hitler disfarçado. Lembrando um pouco da premissa de JANELA INDISCRETA, da sua casa, Polski começa a observar o suposto Führer, tentando juntar todas as evidências possíveis para corroborar sua suspeita. O filme é de uma extrema delicadeza no seu reconhecimento da possibilidade da transformação do afeto, no sentido dado por Espinoza. Além disso, também remete à “mediação do imediato”, onde o caráter mediado e artificial está na questão da possibilidade, não em algo que acontece, mas algo que poderia acontecer. Esse aparente paradoxo do filme se assemelha ao conceito-base de BLOW UP, de Antonioni, pois também se utiliza da informações obtidas por uma câmera e decodificadas pela ótica de quem as vê, com toda a carga afetiva realizada na hermenêutica do processo. In the 60s, in South America, Mr. Polski (David Hayman, superb), a Holocaust survivor suspects that his new neighbor (Udo Kier, equally perfect) is Hitler in disguise. Remembering a little of the premise of REAR WINDOW, from his house, Polski begins to observe the supposed Führer, trying to gather all possible evidence to corroborate his suspicion. The film is extremely delicate in its recognition of the possibility of transforming affection, in the sense given by Spinoza. In addition, it also refers to the "mediation of the immediate", where the mediated and artificial character is in the question of possibility, not in something that happens, but something that could happen. This apparent paradox of the film resembles the basic concept of Antonioni's BLOW UP, as it also uses the information obtained by a camera and decoded from the viewer’s perspective, with all the affective emotional baggage carried out in the hermeneutics of the process. Prime.