TÁR (USA, 2022) – O filme de Todd Field é um estudo profundo da capacidade – ou compulsão – de algumas pessoas no sentido de controlar tudo e todos à sua volta. Tár (Cate Blanchett, perfeita) é uma personagem com várias facetas, e isso é mostrado por Field em cenas com vários reflexos, expondo os muitos lados da condutora da prestigiada Filarmônica de Berlim. Ela controla os músicos e estende essa dominação a qualquer aspecto da sua realidade, sem muita preocupação com as estratégias, por vezes pouco éticas, usadas para alcançar seus objetivos. Isso nos leva a uma consideração sobre a necessidade de separar o artista da obra, ao fazermos desta uma análise estética e artística. A postura controladora de Tár funciona como uma forma de blindar seu universo afetivo, para evitar a intromissão dos sentimentos nas suas estratégias manipulativas. No entanto, esse esforço vai enfraquecendo sua suposta capacidade de intimidar as pessoas à sua volta, até provocar sua queda, num arco dramático muito similar às narrativas mitológicas gregas. Todd Field's film is a deep study of the ability – or compulsion – of some people to control everything and everyone around them. Tár (Cate Blanchett, perfect) is a character with several facets, and this is shown by Field in scenes with various reflections, exposing the many sides of the conductor of the prestigious Berlin Philharmonic. It controls the musicians and extends this domination to any aspect of their reality, without much concern for the sometimes-unethical strategies used to achieve their goals. This leads us to a consideration of the need to separate the artist from the body of work, by making the latter an aesthetic and artistic analysis. Tár's controlling posture works as a way to shield his affective universe, to prevent the intrusion of feelings into his manipulative strategies. However, this effort weakens his supposed ability to intimidate the people around him, until he causes his downfall, in a dramatic arc very similar to the Greek mythological narratives. Prime.