sexta-feira, 6 de outubro de 2017

2947 - FRANKENSTEIN (1931)

O criador e a criatura
    FRANKENSTEIN (USA, 1931) O filme é parte da icônica franquia dos monstros da Universal, iniciada com o O CORCUNDA DE NOTRE DAME. Boris Karloff acabou dando vida (ou meia vida, vá lá) à criatura do Dr. Henry Frankenstein (Colin Clive) e garantido para si próprio a imortalidade da composição de um dos maiores personagens da literatura gótica. As influências do Expressionismo alemão estão evidentes desde a primeira cena, em um cemitério, durante um enterro: os planos médios que percorrem os membros da família enlutada contrastam com os closes nos rostos de Henry e de seu assistente, e isso já os coloca no imaginário dos vilões, embora esta abordagem esbarre numa hermenêutica mais ética do que epistêmica. O desenho cenográfico é primoroso: o laboratório de Henry é um lugar inóspito e escuro, representando as consequências deletérias que seu experimento poderia causar, ao mesmo tempo que também é uma alegoria da insanidade que o acomete gradativamente. Assim o horror de FRANKENSTEIN não está no explícito, mas nas ações subentendidas através das falas e dos longos silêncios entre as cenas.