O criador e a criatura |
FRANKENSTEIN (USA, 1931) – O filme é parte da icônica franquia dos monstros
da Universal, iniciada com o O CORCUNDA DE NOTRE DAME. Boris Karloff acabou
dando vida (ou meia vida, vá lá) à criatura do Dr. Henry Frankenstein (Colin
Clive) e garantido para si próprio a imortalidade da composição de um dos
maiores personagens da literatura gótica. As influências do Expressionismo
alemão estão evidentes desde a primeira cena, em um cemitério, durante um
enterro: os planos médios que percorrem os membros da família enlutada
contrastam com os closes nos rostos de Henry e de seu assistente, e isso já os
coloca no imaginário dos vilões, embora esta abordagem esbarre numa
hermenêutica mais ética do que epistêmica. O desenho cenográfico é primoroso: o
laboratório de Henry é um lugar inóspito e escuro, representando as
consequências deletérias que seu experimento poderia causar, ao mesmo tempo que
também é uma alegoria da insanidade que o acomete gradativamente. Assim o
horror de FRANKENSTEIN não está no explícito, mas nas ações subentendidas através
das falas e dos longos silêncios entre as cenas.