POLTERGEIST, O FENÔMENO (POLTERGEIST, USA 1982) – Steven Spielberg e Tobe Hooper (de O MASSACRE DA SERRA
ELÉTRICA, 1974) dirigiram este que talvez seja um dos melhores filmes de terror
já feitos: uma família tem sua casa visitada por fantasmas, aterrorizando o
casal e os três filhos, até raptar a filha mais nova. Sequências memoráveis,
com efeitos especiais mecânicos e altamente eficientes, num “timing” perfeito,
fazem deste filme um paradigma do gênero. A grande sacada de Poltergeist, título que faz
alusão às forças sobrenaturais que circundam o drama da família Freeling, está
no seu desenvolvimento, na qualidade técnica e nas boas escolhas de elenco.
Apesar de apresentar um terror bem resolvido, o filme traz boas estratégias
presentes no suspense e cenas cômicas que não destoam do restante do longa. Há,
subjacente, uma crítica aos efeitos da televisão (coisa comum nos debates
inteligentinhos da época): Como é
que os espíritos penetravam na casa e tomaram conta da menininha? Através do
eletrodoméstico mais valorizado no século XX, a televisão. Os espíritos surgem,
não aterrorizando, mas seduzindo, como num dos inúmeros programas de televisão.
A beleza construída pelos espíritos para seduzir esconde o horror, como a
televisão normalmente o faz: a beleza construída pelo meio é para seduzir, sim,
mas também é para esconder o grande horror das mazelas sociais da vida dos
telespectadores. Tirando esta abordagem mais intelectual,
o fato é que POLTERGEIST ainda funciona como veículo de terror eficiente e que
atende as expectativas de um filme deste gênero: assusta sem pedir licença.