sexta-feira, 20 de outubro de 2017

2961 - DEXTER - TEMPORADA OITO

 
Dexter - o personagem foi maior que a série
      DEXTER – TEMPORADA 8 (DEXTER, SEASON 8, USA 2013) – A última temporada de Dexter ficou bem abaixo das expectativas, como já indicavam as anteriores. De fato, a série teve seu ponto mais alto no quarto ano, quando Dexter enfrentou Trinity, seu inimigo mais terrível. Os roteiristas resolveram fechar o arco dramático da história inserindo uma neuropsiquiatra, Dra. Vogel (Charlotte Rampling), que explicaria a origem do código que norteava nosso amado serial killer, o que, a meu ver, “matou” a história, pois, assim como a Força de STAR WARS, há elementos que não devem ser explicados, sob pena de elidir a mágica. Sim, no início, Dexter encantava pelo inusitado das suas motivações, algo que não era definido (apesar do Código), mas que aceitávamos tacitamente, como parte imanente de um personagem tão fascinante. Os episódios desta temporada foram irregulares, sendo que nenhum merece destaque, a não ser o último, negativamente. Quando ainda restava em nós algum laivo de esperança de que a série, pelo menos no seu “series finale”, recuperasse um pouco da força que se dissipou nos últimos anos, o que se viu foi um episódio apressado, com várias pontas soltas e com situações não apenas pouco críveis, mas beirando o absurdo. É compreensível que se tenha expectativas muito altas em relação a uma série que começou de forma tão sensacional, mas nada justifica um aparente descaso com um desfecho que poderia ter sido a redenção dramática que todos esperavam. Talvez, os roteiristas (sempre eles!) tivessem a seguinte mensagem em mente: sobreviver àqueles que ama poderia ser o maior castigo para Dexter, se é que ele precisava mesmo ser castigado. Ou seria ele incapaz de acabar com a própria vida, mesmo depois de ter tirado tantas outras? Ou seja, ao sobreviver, ele talvez tenha se autopunido da pior forma possível. Num mergulho mais psicanalítico, será que alguém quis passar uma nota sutil ao chamar o furacão que assola Miami de Laura, e no qual Dexter busca um fim/retorno/salvação com o mesmo nome da sua mãe (Laura Moser)? O fato é que a série alcançou seu pináculo na quarta temporada, e foi exatamente isso que a enfraqueceu nas seguintes. A melhor coisa que pode acontecer com uma série é terminar no auge, como aconteceu com a FAMÍLIA SOPRANO – DEXTER teve uma sobrevida meio desenxabida, como um corpo que resiste apenas com ajuda de aparelhos. De qualquer forma, Michael C. Hall foi simplesmente perfeito na composição de um personagem extremamente difícil – afinal, fazer de um psicopata o personagem central da trama e torná-lo simpático ao público é um desafio e tanto que Hall venceu com brilhantismo. Talvez um episódio extra pudesse mostrá-lo matando os maiores vilões das últimas temporadas: os roteiristas.