INSEPARÁVEIS (INSEPARABLES, Argentina, 2016) – Apesar de realizado com esmero e reverência ao original, esta
versão portenha do clássico francês INTOCÁVEIS (2011) acaba ficando em
desvantagem no cotejo (inevitável) com o original. O diretor Marcos Carnevale
(do ótimo CORAÇÃO DE LEÃO) apenas repete, literalmente, cena por cena, o filme
protagonizado por Omar Sy, cujo papel, aqui, é feito por Rodrigo de La Serna de
forma exagerada e pseudamente engraçada. O que em Omar Sy ficou natural e
cativante, em La Serna resultou numa atuação meio forçada, sem brilho e quase
caricatural. Por outro lado, Oscar Martinez (de RELATOS SELVAGENS) está
corretíssimo no papel do milionário paraplégico e entrega uma atuação segura e
digna, como a de François Cluzet, no filme de Olivier Nakache. Não temos Paris,
mas ganhamos belas sequências de Buenos Aires e uma sensação inefável de que seria
melhor não ter realizado esta refilmagem. Mas o cinema argentino tem crédito e,
mesmo pecando pela falta de originalidade nesta produção, ainda está a milhares
de milhas qualitativas do nosso paupérrimo cinema nacional. O problema é que caiu
na armadilha de uma corrente do cinema contemporâneo de realizar remakes quase idênticos
aos filmes originais. Até mesmo Gus Van Sant, que refez PSICOSE quadro a quadro,
e Michael Haneke, que chegou a refilmar, “shot by shot”, um filme que ele mesmo
havia feito (VIOLÊNCIA GRATUITA), só para lançá-lo nos EUA, cometeram a mesma heresia
cinematográfica. INSEPARÁVEIS pode funcionar para quem não viu o filme francês.
Se não for o caso, esqueça, pois Omar Sy e François Cluzet são mesmo intocáveis.