terça-feira, 31 de outubro de 2017

2971 - O GAROTO (1921)

  
Gênio

    O GAROTO (THE KID, USA, 1921) – Depois de abandonar seu filho recém-nascido numa limusine – na esperança de que ele pudesse ser criado por uma família rica – o carro é roubado por dois ladrões. Quando se dão conta de que havia um bebê no banco de trás, eles o deixam perto de um monte de lixo, onde é encontrado pelo vagabundo vivido magistralmente por Chaplin. É a partir desta premissa que o filme vai construindo uma atmosfera perfeitamente balanceada entre comédia e drama. A história já foi interpretada como uma alegoria cristã, mas, agora, revendo a obra, percebo que Chaplin possa ter querido fazer uma abordagem crítica do tema, ao exagerar a dramaticidade em algumas sequências. Tanto que, conceitos como generosidade e arrependimento, posse e não posse, querer e não querer perpassam toda a história, a partir do momento em que a mãe rejeita o filho, para, depois querê-lo de volta. De todo modo, é impressionante como uma obra-prima como esta pôde ser realizada há quase cem anos, numa plataforma que requer o trabalho de vários profissionais, por apenas uma pessoa. É impressionante como Chaplin consegue colocar tantos aspectos subliminares, tanto “pathos” e tanta hilaridade em um tempo relativamente curto. Isso sem falar na sensível abordagem dos problemas sociais relacionados com a pobreza, situação vivida pelo próprio Chaplin na sua infância, na Inglaterra.