CONRACK (USA, 1974) – Ao chegar a uma escola, numa ilha
do litoral da Carolina do Sul, o professor Pat Conroy (Jon Voight), de depara
com um quadro desolador: a comunidade negra, paupérrima, vive um mundo à parte,
sem referências com a realidade, e os alunos da pequena escola são maltratados
pela diretora e submetidos a um ensino retrógrado que os leva à apatia geral e à
total destruição de seus sonhos. Percebendo que o problema não estava nos
alunos, mas sim na pedagogia utilizada, Conroy (“Conrack” era como os alunos
pronunciavam seu nome) os estimula a aprender, a interagir com a natureza,
redimensionando uma relação professor-aluno, que antes era vertical, numa
confluência de olhares, sempre com respeito mútuo e humanidade. A partir daí, os
alunos começam a acreditar em si mesmos e a se libertar de limitações impostas
por uma sociedade preconceituosa e injusta. Dos filmes com temática de sala de
aula, este é um dos mais belos e sensíveis, principalmente por causa da simplicidade
com a qual questões importantíssimas são apresentadas pelo roteiro. Embora com
elementos simbólicos um pouco óbvios (Conroy, louro, olhos azuis, em oposição à
comunidade negra), o filme é de uma beleza inacreditável, ainda hoje, com sua
mensagem pedagógica libertadora e extremamente necessária, pois a situação de
muitos seres humanos continua, infelizmente, imutável.