sábado, 22 de abril de 2017

2940 - UM LIMITE ENTRE NÓS

      
Denzel e Viola, magistrais
UM LIMITE ENTRE NÓS (FENCES, USA, 2016) - FENCES faz parte de um ciclo de dez peças do dramaturgo August Wilson (1945-2005) sobre a experiência de ser negro nos Estados Unidos em diferentes momentos do século 20. Troy (Denzel Washington, devastador) chega à meia-idade pululando numa existência em que despontam um descontentamento extremo, raiva e amargura. Ex jogador de beisebol, e com passagem pela polícia, ele agora está casado com a devotada Rose (Viola Davis, um assombro) e virou lixeiro. Analfabeto e amargurado por se ver fracassado como um chefe de família e figura masculina, Troy desconta nos filhos sua frustração, enquanto procura dar a eles o que ainda tem de honestidade e retidão na vida e lhes poupar das decepções reservadas ao homem negro em terras americanas na década de 50. A primeira parte do filme é, realmente, puro teatro, no qual Denzel mantém o caudaloso texto original na íntegra. Mas é quando Viola Davis, até então numa atuação em meios-tons, entra realmente em cena – ao Troy lhe comunica um fato que irá mudar o rumo da história dos dois – que sua Rose irrompe como uma onda gigante de amargura, numa interpretação calcinante que se constitui numa magistral composição iniciada por Denzel na primeira parte do filme . O Oscar foi mais que merecido.