sábado, 15 de abril de 2017

2937 - SEM MEDO DE VIVER

   
O intimorato Bridges, depois da queda do avião
  SEM MEDO DE VIVER (FEARLESS, USA, 1993) – Depois de sobreviver a uma queda de avião, Max Klein (Jeff Bridges) tem sua vida transformada: fica completamente desconectado de sua vida familiar, a esposa (Isabella Rossellini, excelente), o filho e suas referências sociais. Passa a se sentir indestrutível, sem medo de nada, e começa uma relação de resgate de si próprio com uma outra sobrevivente, Carla (Rosie Perez). Bridges tem uma atuação digna do Oscar. Sente-se a sua transformação interna pela respiração, pelo olhar e, sobretudo, pelo silêncio. É um ator intenso que constrói pontes ( ! ) com emoções que estão prestes a explodir. Este filme de Peter Weir aborda a morte (ou a quase morte) como valorização da vida e nos faz refletir se um homem que perde totalmente o medo pode ainda continuar humano, no sentido lato do termo. O grande John Turturro faz o psicanalista que não consegue penetrar na nova vida de Max e resgatá-lo de sua incapacidade de se religar com o mundo, depois de emergir de um acontecimento emocionalmente transformador. A pergunta clássica – “Por que eu?” – assume ares de estranhamento, pois Max não entende sua sobrevida após a tragédia. Weir se debruça sobre os abismos emocionais de seus personagens, em histórias nas quais pessoas comuns são transformadas por causa de eventos radicais. Foi assim em A TESTEMUNHA (1985) e A COSTA DO MOSQUITO (1986), ambos com Harrison Ford.