DEMOLIÇÃO (DEMOLITION, USA 2015) - Jake Gyllenhaal é Davis, um homem que tem uma vida
sem grandes problemas, com uma esposa não lhe desperta muita atenção. Quando ela
morre num acidente de carro, Davis se dá conta de que não a amava, que ele
vivia num mundo sem consciência do que acontecia em sua volta. A partir daí, ele passa a ter um comportamento
muito mais ativo, percebendo a realiade de forma mais arguta, interagindo com as
pessoas mais profundamente. É quando conhece Karen (Naomi Watts), responsável
pelo setor de reclamações de consumidores, ao fazer uma carta de insatisfação
de um produto, sem esperar que seria respondido. Ambos iniciam uma inusitada relação,
que o leva a conhecer o filho dela, Chris (Judah Lewis), um jovem problemático
de quinze anos que logo percebe ter muito o que aprender com o jeito libertador
e sincero que Davis passa a ter. A discussão do luto é um tema bem recorrente
no cinema, mas aqui, o diretor Jean Marc Vallé (do sensacional CLUBE DE COMPRAS
DALLAS) expõe este sentimento de forma não definitiva que nos leva a pensar na
morte como algo libertador, um “drive” para uma atitude destrutiva e
construtiva (assim é como Davis aparece para o espectador). O filme confirma as
boas escolhas de Gyllenhaal e ainda oferece atuações marcantes de Naomi Watts e
o sempre impecável Chris Cooper. A agradável ausência de clichês e das soluções
óbvias resultam num filme cheio de humanidade e de reflexões sobre a culpa e os
estereótipos que nos acompanham durante a vida.