domingo, 23 de abril de 2017

2941 - O SUBSTITUTO

Adrien Brody, emocionante
   O SUBSTITUTO (DETACHMENT, USA, 2011) – O título original (“detachment”: indiferença, distanciamento, desapego) dá bem a dimensão do personagem principal, Henry Barthes (Adrien Brody, estupendo), um professor que apenas se candidata a vagas de professor substituto, justamente por não querer se envolver com os problemas dos alunos com quem lida – não bastassem seus próprios dramas pessoais. Chamado para realizar uma substituição em uma escola em um estado completo de caos, encontrará professores/as que não sentem apego nenhum pela sua profissão, estudantes desencantados e aborrecidos da vida antes mesmo de começá-la, adolescentes à procura de adultos em quem confiar. O filme começa com uma epígrafe de Albert Camus: “E eu nunca me senti tão imerso e ao mesmo tempo tão desapegado de mim e tão presente no mundo”. Essa é a situação pessoal de Henry (que também é Barthes, em todo o seu sentido simbólico). Na interação com os alunos, ele vai jogando luzes sobre sua história, procurando pontos de conexão com os dramas que encontra na sala de aula, como também na de professores. O roteiro questiona até que ponto somos indiferentes aos sofrimentos das pessoas em nossa volta e também o papel do professor numa sociedade que, na sua dinâmica cruel, apenas “tritura” os jovens e seus sonhos, transformando-os em adultos sem esperança. Brody, mais uma vez impressiona por sua capacidade de estabelecer uma empatia imediata com o espectador.