terça-feira, 10 de janeiro de 2017

2861 - O HOMEM QUE VIU O INFINITO

1  
O HOMEM QUE VIU O INFINITO (THE MAN WHO KNEW INFINITY, UK, 2015) – Antes de Einstein, houve Srinivasa Ramanujan. Este fato pouco conhecido fora da comunidade acadêmica é a razão deste belo filme que, acima de tudo, é também uma homenagem a uma verdadeira relação de amizade, respeito e admiração, fenômeno raro no ambiente intramuros das grandes universidades do mundo, em qualquer época. A universidade em questão é a Trinity College, em Londres, em 1910, para onde vai Ramanujan (Dev Patel, excelente), depois de deixar na sua terra natal, a Índia, a mãe a e esposa. Ele quer ser reconhecido pelo trabalho original que iria influenciar todo o pensamento matemático a partir de então. Mesmo não tendo tido educação formal, Ramanujan vai, aos poucos, impressionando a comunidade acadêmica de Trinity e se torna amigo do professor G. H. Hardy (Jeremy Irons, soberbo, como sempre). À parte a incrível história deste indiano, é o aprofundamento da amizade dele com Hardy que torna o filme um exemplo único de sensibilidade e de certa humanização das ciências exatas, pois o conflito inicial entre religião hindu e ciência do Velho Mundo vai dando novas perspectivas da interação daquilo que pode e do que não pode ser provado. Aduz-se a isso uma oportuna reflexão sobre a xenofobia (bem antes de Trump), pois Ramanujan é alvo do desdém dos professores invejosos da sua capacidade e da agressividade gratuita dos que o consideram um inimigo por absurdas razões étnicas.