1. WESTWORLD (USA, 2016) – “Westworld” é um parque temático futurístico para adultos, dedicado à diversão dos ricos, uma espécie de Disneyworld temática que reproduz o Velho Oeste, onde os androides – os anfitriões –, são programados pelo diretor executivo do parque, o Dr. Robert Ford (Anthony Hopkins), para acreditarem que são humanos e interagirem com os clientes, que podem fazer o que quiserem, sem obedecerem a regras ou leis, o que inclui assassinatos e estupros. No entanto, quando uma atualização no sistema das máquinas dá errado, os seus comportamentos começam a sugerir uma nova ameaça, à medida que a consciência artificial provoca uma nova noção existencial dos androides, entre os quais está Dolores Abernathy (Evan Rachel Wood), programada para ser a típica garota da fazenda e que está prestes a descobrir que toda a sua existência não passa de bem arquitetada mentira. Dolores está presa a um eterno looping temporal. Depois de partilhar experiências com os hóspedes do momento, ela passa por um “reset” e as memórias recentes são deletadas. Esta série da HBO é uma nova versão do filme cult de 1973, WESTWORLD – ONDE NINGUÉM TEM ALMA, escrito e dirigido por Michael Crichton, e tangencia BLADE RUNNER na temática, embora aduza elementos mais instigantes para a reflexão sobre o debate ético sobre a inteligência artificial. O programa trata do que poderia ser o ponto nodal na evolução dos robôs – a gênese da consciência e das dores (“dolores” em latim) que ela implica. É aí que entra o fator BLADE RUNNER: os androides, ao se humanizarem, recebem um presente inesperado – a angústia existencial. De certa forma, parte da premissa que o ser humano, com total liberdade, é axiomaticamente ruim, destrutivo, sem ética, quase negando sua civilidade humanitária, à medida que, literalmente, “compra” este sonho niilista, descobrindo o seu lado mais perverso – aparentemente ninguém está lá para fazer o bem. Os primeiros episódios foram muito confusos. Na realidade, tudo começa a se esclarecer no último, deixando alguns ganchos para a próxima temporada. A fotografia é espetacular e o elenco nos fazem ter esperança de que, com mais perspectiva, esta ainda poderá ser uma das melhores séries já feitas.