quarta-feira, 3 de janeiro de 2018

3011 - SOB O DOMÍNIO DO MAL

Denzel, ótimo, sempre
SOB O DOMÍNIO DO MAL (THE MANCHURIAN CANDIDATE, USA, 2006) – Refilmagem do clássico de 1962, de John Frankenheimer, com Denzel Washington no papel que fora de Frank Sinatra. Assombrado por pesadelos recorrentes, o major Ben Marco (Denzel) passa seus dias exaltando publicamente as qualidades de Raymond Shaw (Liev Schreiber), um jovem congressista nova-iorquino que foi seu subalterno no Golfo. Shaw é candidato à vice-presidência dos Estados Unidos e dono de uma medalha de honra pelos feitos heroicos no oriente. No entanto, depois de um perturbador encontro com outro membro de seu pelotão, o major começa a duvidar da própria sanidade e acredita que alguma coisa aconteceu durante o conflito. Daí em diante, forma-se um contexto para se pôr em prática o assassinato do candidato à presidência dos EUA, o que levaria Shaw a encabeçar a chapa. Um dos mitos que giram em torno do filme de 1962 diz respeito a sua retirada dos cinemas e seu subsequente “desaparecimento” midiático após o assassinato de John F. Kennedy, em novembro de 1963. Muitos acreditam que o filme tenha de alguma forma inspirado o crime, e que Lee Harvey Oswald, suposto assassino de JFK, a exemplo do protagonista do filme de Frankenheimer, tenha sido “condicionado” ou passado por algum tipo de lavagem cerebral. A existência de uma relação entre o assassinato do presidente e os acontecimentos do filme provavelmente nunca será comprovada, mas a associação do longa-metragem à tragédia de 1963 faz com que a obra ganhe contornos ainda mais perturbadores e sombrios. O roteiro desta refilmagem ainda envolve uma abordagem niilista do Complexo de Édipo, ao colocar Shaw e sua mãe, uma senadora poderosíssima (Maryl Streep, longe de sua melhor atuação) numa relação feita de poder e desejo, embora não se aprofunde neste aspecto. É um ótimo thriller político que tenta jogar luzes sobre até aonde os governos podem ir para manter o poder. E, claro, Denzel Washington é obrigatório.