PLANETA DOS MACACOS – A GUERRA (WAR FOR THE PLANET OF THE APES,
USA 2017) – Não chega perto do original, de 1968, com Charlton Heston,
mas este filme é realmente benfeito e com um arco dramático que faz referências
explícitas aos genocídios e ao terror de forma tão contundente, que não há como
fazer uma profunda reflexão sobre a natureza humana. Algo que tem a ver com a
“banalidade do mal” de que falava Hannah Arendt perpassa o roteiro deste
terceiro episódio da série iniciada em 2011. É um filme tenso, sofrido e extremamente
estimulador à consciência dos elementos constitutivos das relações entre
dominantes e dominados. Tecnicamente, é uma produção primorosamente espantosa.
A “performance capture” é de um nível tão alto que beira a perfeição: é assim
que Andy Serkis, numa atuação impecável, transmite, com suas expressões faciais,
a dor e o sofrimento cósmico que Cesar, o símio que lidera o imenso contingente
de macacos acuados em guetos naturais. É notável o assombro e a desilusão que
brotam dramaticamente dos olhos de Cesar, diante do cortejo de horrores
provocado pela violência do homem em relação ao seu povo. É um retrato de um
retrocesso civilizatório inevitável, resultado, sobretudo, da ânsia de poder e
da falta de diálogo. É, de longe, muito melhor do que os dois filmes
anteriores.