DEADPOOL (USA, 2016) – O filme é realmente muito divertido, além de
possibilitar uma curtição extra: ficar atento para as referências
cinematográficas que pululam ao longo do roteiro escrito sem pudores por Rhett
Reese e Paul Wernick. Além disso, é o “turning point” na carreira de Ryan
Reynolds. Ele, de fato, está à vontade na pele castigada deste herói que eleva
o politicamente incorreto ao patamar mais nobre jamais visto no cinema. Suas
falas são engraçadas – faz troça até com o próprio Reynolds – e, surpreendentemente,
preenche as cenas com uma fisicalidade estonteante, acompanhada de uma
narrativa não linear que cativa a partir da estupenda sequência inicial. Seu
destino romântico, Morena Baccarin, nunca esteve tão bonita num filme e está
perfeita como o personagem que resgata os sentimentos do anti-herói e ainda dá
um novo sentido à expressão “olhos oblíquos”. O grande destaque é mesmo para as
falas hilariantes, quase todas costuradas inteligentemente com referências pop
– portanto, quem não anda ligado no que acontece no mundo não vai entender
metade das tiradas. Não há uma piada que não funcione. As sequências de ação são
muito bem filmadas e nos remetem ao estilo de Tarantino, sem o irritante recurso das “shaky-cams” que infestam tantas
outras produções. A ousadia de um filme assim
mostra que vale a pena ter coragem para romper com certos paradigmas que tanto engessam
criativamente muitos dos lançamentos recentes. DEADPOOL: o diretor é ótimo, Reynolds
é fenomenal e o script fantástico.