segunda-feira, 30 de abril de 2018

3077 - COMO EU ERA ANTES DE VOCÊ

     COMO EU ERA ANTES DE VOCÊ (ME BEFORE YOU, USA 2016) – Há filmes que são feitos para chorar. Este aqui foi realizado com esta intenção, mas, à história previsível falta aquela faísca de comprometimento do elenco com a produção de lágrimas do espectador. Emilia Clark (de GAMES OF THRONE) é bonita e simpática, mas está “over”, e Sam Clafin não convence como seu contraponto romântico. O drama se instala sem muita convicção, e ficamos com a impressão de que aquela lágrima que todos esperavam foi produzida com um esforço enorme para que ela acontecesse. ENGLISH VERSION: there are films that are made to cry, like this one. However, the storyline lacks that spark of commitment of the cast that would cause the audience to shed a tear. Emilia Clark (from GAMES OF THRONES) is beautiful and nice, but overacts, and Sam Clafin does not make his character believable as her romantic counterpart. The drama is not convincing and leave us with the impression that the expected tear was produced as a result of a huge effort. 

domingo, 29 de abril de 2018

3076 - O NEGÓCIO


     O NEGÓCIO (BRASIL, 2018) A quarta temporada de O NEGÓCIO mantém o excelente nível de produção das anteriores.  Agora, a história abordará o livro escrito por Karin (Rafaela Mandelli), que falará abertamente sobre todos os segredos envolvendo a prostituição de luxo, fazendo com que suas amigas, e companheiras de negócio precisem revelar a verdade para suas respectivas famílias. O que fascina nesta série da HBO é, além das belas protagonistas, é a fotografia quase surreal de São Paulo, tirando o máximo dos inusitados ângulos de concreto que a cidade oferece, transformando a dureza da arquitetura paulistana numa poética concepção de imagens. O roteiro está menos plausível do que os das primeiras temporadas, mas continua vendendo o fascínio da prostituição “chic” com a mesma competência. ENGLISH VERSION: the fourth season of O NEGÓCIO keeps the high level of the previous editions. Now, the plot approaches Karin’s book, about her secrets involving high prostitution, which also makes her partners reveal the truth to their own families. What fascinates in this series made by HBO is, besides the gorgeous protagonists, is the almost surreal photography of São Paulo, extracting the best from the unexpected concrete angles offered by the city, turning the hardiness of the city architecture into a poetic image conception. The plot is less plausible now, but still sells the allure of the chic prostitution with the same high competence.    

3075 - OLHAR DE ANJO

    
Não, não é Joe com J-Lo
  
OLHAR DE ANJO (ANGEL EYES, USA 2001) – Sonia Braga mãe de Jennifer Lopez? Sim, neste filme, isso aconteceu, apesar do papel microscópico de Sonia, claro, pois J-Lo acaba ocupando todo o espaço de que dispõe e muito mais. Também é uma ótima oportunidade de ver Jim Caviezel começar a se especializar em personagens misteriosos, como o que faria em PERSON OF INTEREST. Aqui, ele é Catch, um homem enigmático que aparece na vida da policial Sharon (Lopez) e a faz enfrentar seus sentimentos. O filme vai perdendo em ritmo gradativamente, tentando aquecer o relacionamento de Catch e Sharon, sem muito sucesso. De fato, Caviezel mostra o mesmo perfil do seu futuro Mr. Reese, da ótima série com Kevin Chapman e, neste filme, está mais parecido ainda com Joe. E Jennifer atua apenas corretamente, sem grandes ousadias dramáticas. ENGLISH VERSION: Sonia Braga as Jennifer Lopez’s mother? Yes, it happened in this film, in spite of Sonia’s micro role. J-Lo, as expected, takes all the available screen time and more. It is also a great opportunity to see how Jim Caviezel started specializing in mysterious characters, like the one in PERSON OF INTEREST. Here, he is Catch, an enigmatic man who pops up in officer Sharon’s life (Lopez) and made her face her hidden feelings. Gradually, the movie loses rhythm as it unsuccessfully tries to heat up Catch and Sharon’s relationship. Indeed, Caviezel displays the same profile of his future Mr. Reese, from the show with the also great Kevin Chapman, and in this film resembles Joe as never before. And Jennifer just performs correctly, without being dramatically bold.      

quinta-feira, 26 de abril de 2018

3074 - ERA UMA VEZ NO OESTE

       
Claudia Cardinale...
 
ERA UMA VEZ NO OESTE (ONCE UPON A TIME IN THE WEST, USA/ITÁLIA 1968) – Ponto mais alto dos westerns, o filme dirigido por Sergio Leone é uma aula do gênero. A começar pelo elenco: Henry Fonda, Jason Robards e Charles Bronson são o epítome da aridez machista do deserto, onde a habilidade com o revólver estava acima de qualquer valor. No entanto, é a presença coruscante de Claudia Cardinale que dá equilíbrio estético a tudo o que acontece na tela. Não se assuste com o ritmo lento – assim deveria ser a vida naquela época, mas tudo muda quando Claudia Cardinale chega ao rancho e encontra seu marido assassinado por Henry Fonda. E, claro, a trilha de Ennio Morricone também faz parte desta obra de arte. ENGLISH VERSION: The hallmark of all the westerns, the movie directed by Sergio Leone is masterful. To start with, the cast: Henry Fonda, Jason Robards and Charles Bronson are the epitome of the manly dryness of the desert, where the competence with the gun counted more than any other value. Despite, it is the coruscant presence of Claudia Cardinale that gives aesthetic balance to everything we see on the screen. Don’t be afraid of the slow rhythm of the initial sequence – life at that time should probably be so, but everything changes when Claudia arrives at her ranch, to find that her husband has been murdered by hired gun Henry Fonda. Ennio Morricone’s score is also part of this masterpiece.  

quarta-feira, 25 de abril de 2018

3073 - PIRATAS DO CARIBE: A VINGANÇA DE SALAZAR

     PIRATAS DO CARIBE: A VINGANÇA DE SALAZAR, USA 2017) – Durante todo o filme, tem-se a sensação de que PIRATAS DO CARIBE ainda tem um excepcional capricho técnico que resulta em cenas de ação extremamente complexas e mesmerizantes. Mas falta o frescor e a saudável ousadia das três primeiras produções, em que Johnny Depp parecia mesmo se deliciar (e nos deliciar) com uma atuação tão visceral, que quase não se distinguia ator de personagem. Neste filme, porém, Depp entrou no modo automático e, claramente, está apenas em corpo em cena. O divórcio com Amber Heard visivelmente o abalou, a ponto de, em cena, ser quase um elemento acessório, numa engrenagem meio desgastada, que talvez já devesse ter tido seu desfecho há dois filmes atrás. Sim, os créditos finais apontam para mais uma sequência, o que não deixa de ser uma temeridade em relação a uma franquia que parece já ter chegado a seu ápice. Paul McCartney tem uma ponta, e só o fato de ser Paul ali debaixo daquela barba, e falando aquelas barbaridades, já a torna divertida. No entanto, isso não é o bastante para tornar o filme memorável. ENGLISH VERSION: During the film, we have the impression that Pirates of the Caribbean still displays an exceptional technical production that results in mesmerizing and complex action scenes. But it lacks the freshness and the heathy boldness of the prior movies in which Johnny Depp seemed to delight himself and us with such a poignant performance that we couldn’t barely distinguish the actor from the character. In this movie, Depp entered in automatic mode, and only his soulless body in scene. The divorce from Amber Heard clearly affected him and made him look like an accessory element in a wasted clog that should have had its end two movies ago. Yes, the final credits point to a sequence, which stands as a temerity in a franchise that has already reached its summit. Paul McCartney has a cameo role, and only by the fact that it is Paul under that beard, talking those nonsenses, makes it amusing. Nevertheless, it’s not enough to make the move memorable.    

terça-feira, 24 de abril de 2018

3072 - BORBOLETA NEGRA

     
BORBOLETA NEGRA (BLACK BUTTERFLY, USA 2017) Suspense com Antonio Banderas e Jonathan Rhys Meyers. Paul (Banderas) é um escritor em crise criativa que se isola numa casa no meio da floresta. Encontra um viajante, Jack (Meyers), que o livra de uma briga de bar e o convida para passar uns dias com ele. A partir daí, o forasteiro passa a querer interferir na história que Paul não conseguia escrever. A tensão entre os dois personagens vai crescendo, na medida que as atitudes de Jack se tornam mais herméticas, instilando em Paul reações defensivas. O problema é a solução preguiçosa apresentada no desfecho. Os roteiristas já deviam ter recebido seu “paycheck” e resolveram ir para casa mais cedo, deixando todo mundo com a sensação de que fomos lesados. A última cena estraga o que o filme tinha de bom. Veja e confira, mas não diga que não avisei. Ou melhor, desligue assim que o “close-up” de Bandeira começar a entrar em “fading”. Isto lhe dará a sensação de que seu tempo não foi perdido.   ENGLISH VERSION - BLACK BUTTERFLY (USA 2017) – Thriller with Antonio Banderas and Jonathan Rhys Meyers. Paul (Banderas) is a writer with creative crisis who is now living in a farmhouse, in the woods. He meets a drifter, Jack (Meyers), who saves him from a bar fight, and invites him to spend some days in his house. From then on, the drifter starts interfering in the novel Paul couldn’t finish. The tension between the two characters grows accordingly to Jack’s hermetic reactions, making Paul be more defensive. The trouble is the lazy solution for the end. The writers must have received their paycheck and decided to go home earlier, leaving us empty-handed. The last scene spoils whatever positive aspect the movie might have. Check it, but don’t say I didn’t warn you. Or, you may turn off as soon as the close-up on Banderas starts fading – this will give you the feeling that you haven’t wasted your time.    

segunda-feira, 23 de abril de 2018

3071 - MEU NOME É TRINITY

Terence Hill
       MEU NOME É TRINITY (LO CHIAMAVANO TRINITÀ, Itália 1970) Este é um dos filmes cuja trilha sonora já é um dos personagens principais, tornando-se talvez mais conhecida do que o filme estrelado por Terence Hill e Bud Spence, uma das maiores duplas do cinema. Western-spaghetti da melhor qualidade, daqueles que nos fazem ter uma profunda experiência sensorial: sente-se na pele a quentura da poeira por onde Trinity passa, arrastado, numa espécie de cama, por seu cavalo, na sensacional cena de abertura deste clássico, e quase sentimos o sabor do feijão pelando, que ele come diretamente a panela, quando chega a uma estalagem atraindo a curiosidade de todos. Envolvente e engraçado, o filme enfeitiça pela despretensão da história e pela naturalidade e simpatia dos dois protagonistas. De certa forma, o personagem Trinity serviu de molde para muitos outros do gênero: meio marrento, desligado, engraçado e extremamente hábil na briga corporal e no manejo da arma. Agregue-se a isso uma inocência inesperada que Hill incorpora ao seu pistoleiro, que o faz parecer estar permanentemente se divertindo em cena com seu companheiro Bud Spencer, sempre deliciosamente mal-humorado. Em termos cinematográficos, nada poderia ser mais sedutor para o espectador. A trilogia MÁQUINA MORTÍFERA bebeu diretamente da fonte, é só constatar. E a trilha sonora, repito, é um tesouro do cinema.     

3070 - PATERNO

  
Pacino, grande, sempre...
  
PATERNO (USA 2018) - Paterno foi considerado um dos maiores do esporte nos EUA e ingressou no Hall da Fama do Futebol Americano em 2006. Seus últimos meses de vida, porém, foram marcados por um escândalo: descobriu-se que ele acobertou um de seus assistentes técnicos, Jerry Sandusky, que teria molestado oito garotos em 15 anos. A história, em seu pano de fundo, talvez não tenha tanto apelo para plateias fora dos EUA, mas o elenco conta com Al Pacino e Al Pacino é obrigatório em qualquer contexto. O filme de Barry Levinson explora o paradoxo de um treinador que vivia de acordo com um rigoroso código moral, que também aplicava a seus jogadores, mas que não foi capaz de reagir aos sinais de que seu assistente estava cometendo crimes sexuais.   

3069 - A BRUXA


     A BRUXA (THE WITCH, USA, UK 2015) – A fotografia esmaecida, em conexão com um cenário que nos remete às pinturas de Goya e Velásquez, compõe o ambiente de uma história incômoda, que vai se desenvolvendo até um desfecho meio chocho. Em 1630, uma família é banida da cidade e vai viver numa floresta, onde fatos perturbadores vão compondo uma espécie de horror histórico, cultural sobretudo e, também, psicológico, revelando símbolos que podem não ser de fácil decodificação por pessoas sem o repertório adequado. Mais do que um terror “stricto sensu”, A BRUXA é um filme alinhado ao feminismo atual – bruxas são mulheres, não se esqueça – e lança questionamentos pertinentes sobre a manipulação religiosa que, convenhamos, ainda se faz presente hoje em muitos seguimentos da sociedade.  

3068 - ESTÔMAGO

João Miguel e Fabíula Nascimento
      ESTOMÂGO (BRASIL, 2008) – O filme ainda se sobressai diante do mais recente cenário do cinema nacional, recheado de obras descerebradas, principalmente comédias, como uma incisiva – e até certo ponto incômoda - visita ao universo “bas fon” do centro da cidade de São Paulo e seu ambiente gastronômico popular. Permeando o senso de humor quase grosseiro, percebe-se uma obra original que mistura paixão, vingança e comida. A história, contada em dois tempos, mostra a trajetória do nordestino Raimundo Nonato (João Miguel, em ótimo desempenho), chegando a São Paulo e arrumando emprego num boteco, e sua presença num presídio, onde ganha status por cozinhar para os companheiros de cela. A edição muito bem realizada dá ritmo e emoção às cenas em que se destaca a exuberante presença de Fabíula Nascimento, numa atuação de dar água na boca. De fato, não é um filme para todos os gostos, mas é infinitamente superior aos equívocos artísticos e criativos que o cinema brasileiro tem produzido na última década. 

3067 - KALINKA


    KALINKA (FRANÇA/ALEMANHA, 2016) – Baseado em uma história real, o filme narra a obstinação – que durou décadas - de um pai (Daniel Auteuil, contido na medida certa) para que o autor do assassinato da sua filha adolescente seja preso. Embora com desfecho previsível, o interesse se mantém até o fim, graças, principalmente, à atuação de Auteuil e às belas paisagens do interior da Alemanha, cujo sistema jurídico fica parecendo pouco confiável, diante dos fatos que o filme relata.   

sábado, 21 de abril de 2018

3066 - THE WALKING DEAD - TEMPORADA 8


   THE WALKING DEAD – TEMPORADA 8 (USA, 2018) – Apesar de todas as críticas
que esta oitava temporada recebeu, TWD ainda apresenta um roteiro instigante e perturbador, no que diz respeito à discussão das relações pessoais e de poder num mundo distópico que talvez nem esteja tão distante assim de nós. Se o protagonismo dos mortos-vivos foi dando lugar às disputas ferozes entre os sobreviventes, nada contra. Era para ser assim mesmo, a meu ver. Por razões de fluidez narrativa, Rick e Negan polarizaram as atenções e, claro, geraram as maiores expectativas de um embate cruel e sanguinário, como devem esperar os fãs de UFC, categoria que não me incluo. A violência física esperada se diluiu positivamente numa tensão psicológica, mas se perdeu um pouco numa abordagem que flertou com o “politicamente correto”, como se TWD precisasse de uma agenda positiva para continuar a saga. A transformação de Carl numa espécie de guru de uma nova ordem, de fato, estremeceu bastante as estruturas do mundo abandonado ao qual nos acostumamos. Parece que Negan (Jeffrey Dean Morgan, em total domínio do personagem), nas próximas temporadas, simbolizará a humanização do mal, na medida em que passemos a conhecer todo o processo determinista que o levou a se guiar pela Lucille. A saída de Morgan (Lennie James), um dos melhores personagens, certamente enfraquecerá a história, que talvez também não conte mais com Lauren Cohan.   


segunda-feira, 9 de abril de 2018

3065 - A PELE

    
Nicole e Robert Downey Jr
  
A PELE (FUR: AN IMAGINARY PORTRAIT OF DIANE AIRBUS, USA 2006) – Filme é um daqueles filmes herméticos, cujas camadas semióticas são difíceis de entender, porém com uma beleza inesperada, mas difícil de ser absorvida de pronto, desde o momento em que passamos a incorporar as imagens que se misturam com fragmentos oníricos e cacos de realidade. O início é inesperado: Diane Airbus (Nicole Kidman, muito contida, como sempre), chega a uma espécie de campo de nudismo. Aí, a primeira pergunta: será que os personagens do filme serão, assim, tão despidos da “persona” que, em geral, nos protege? Diane, infeliz no casamento, se encanta por um vizinho, Lionel Sweeney, acometido de uma doença que lhe cobre totalmente o corpo de pelos, assemelhando-o a um lobisomen. Lionel é vivido por Robert Downey Jr, antes do sucesso merecido de O HOMEM DE FERRO. O devaneio ficcional inspirado na vida de Diane acaba reduzido a um conto de fadas pouco inspirado, como um pastiche de A BELA E A FERA. Melhor seria: não apele.  

3064 - THE FRANKENSTEIN CHRONICLES

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       THE FRANKENSTEIN CHRONICLES (UK, 2015) - Inspirada na clássica obra de Mary Shelley, “Frankenstein”, a trama acompanha o veterano de guerra John Marlott (Sean Bean), em 1827. Trabalhando agora como inspetor de polícia, ele fica encarregado pelo Secretário de Segurança londrino de investigar um bizarro caso envolvendo o corpo de uma criança encontrado num rio, cujos membros pertencem a diferentes outros corpos. As investigações levam Marlott a crer que alguém está copiando a obra de Shelley e tentando recriar vida. A condução dos primeiros capítulos é bem satisfatória e nos faz imaginar como eles vão desenvolver esta espécie de “spin-off” do livro de Mary Shelley. 

domingo, 8 de abril de 2018

3063 - REVOLT

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    REVOLT (UK, 2017) – Mistura de DISTRITO 9 e ELYSIUM, salpicado de referências de A GUERRA DOS MUNDOS, com seríssimas restrições orçamentárias, o filme tem a vantagem de não ser apenas um veículo para CGIs, mas também não se esforça para apresentar um roteiro mais original e inspirador. Na maior parte do tempo, vemos dois sobreviventes – um ex soldado e uma médica francesa – vagando pelas planícies da África do Sul, entre destroços de uma civilização que, aparentemente, foi vítima de uma invasão alienígena. Ou seja, “aliens” fazendo coisas de “aliens”, como sempre. O protagonista, Lee Pace, do finado seriado PUSHING DAYSIES, parece mais o irmão mais novo de Nicolas Cage e atua mesmo como o sobrinho de Coppola em seus filmes mais recentes. Maurício tem razão: como fãs “die-hard” de ficção científica, o “déjà vu” que assola as produções mais atuais é mesmo muito frustrante.  

domingo, 1 de abril de 2018

3062 - REI ARTHUR: A LENDA DA ESPADA

   
Excalibur em mãos inábeis


REI ARTHUR: A LENDA DA ESPADA (KING ARTHUR: THE LEGEND OF THE SWORD, USA 2017) – Mistura nem sempre equilibrada entre SENHOR DOS ANÉIS e GAME OF THRONES, este filme dirigido por Guy Ritchie tem mais baixos do que altos. Confesso que me esforcei, mas o filme é poluído demais pelo excesso de CGI, o que tira a atenção da trama e dá a impressão de que mordemos um pastel sem qualquer recheio. Nada contra a livre adaptação da lenda, mas o ex-marido de Madonna bem que poderia ter mantido personagens importantes, como Lancelot, por exemplo. Porém, preferiu apostar na malandragem, no kung-fu e na fantasia medieval sem limites (os elefantes gigantes pesaram nesta conta). Ritchie, a meu ver, acertou no tom com os dois SHERLOCK HOLMES, com Robert Downey Jr., mas perdeu a mão aqui, sem repetir a bagunça harmônica destes dois filmes. A presença de David Beckham ainda precisará, no futuro, de uma justificativa convincente.



quinta-feira, 29 de março de 2018

3061 - THE CLOVERFIELD PARADOX

   
THE CLOVERFIELD PARADOX (USA, 2016) – Não é à toa que a Paramount se livrou deste desastre: CP é uma mixórdia de elementos de ficção científica que não faz o menor sentido, neste ou em qualquer outro universo paralelo. É um amálgama de lógica de botequim, uma coleção de interpretações risíveis e uma enxurrada de diálogos constrangedores. Tem-se a impressão de que o filme foi desenvolvido equivocadamente, executado de forma tosca e jogado no cardápio de vidro moído da Netflix, sem qualquer aviso de insalubridade cinematográfica ao espectador. Se eu entendi direito, CP era para fazer parte do “universo Cloverfield”, cujo primeiro filme, de 2008, é simplesmente horrível; seguido pelo ótimo CLOVERFIELD 10, com John Goodman. Mas o fato é que PARADOX já começa mal das pernas como sci-fi da periferia e uma trama destruída por um contexto científico mais acanhado do que as feiras de ciência no antigo Colégio Estadual. Ou seja, pela premissa, PARADOX até que daria um bom episódio de BLACK MIRROR, mas se perde em tantos absurdos, que ficaria desataviado até num longa de Mr. Bean. Maurício, mais uma vez, acertou na análise.




3060 - KRAMPUS - TERROR DE NATAL

   KRAMPUS – O TERROR DO NATAL (KRAMPUS, USA, 2015) - Uma família extremamente desunida se junta para passar mais um tortuoso Natal repleto de desavenças. Max, o caçula, meio de saco cheio de tudo aquilo, acaba invocando um antigo espírito que, nas lendas, acompanha o Papai Noel punindo todos aqueles que não acreditam no espírito natalino. Aos poucos, os enfeites e símbolos icônicos da data festiva começam a ganhar vida de forma monstruosa, ameaçando a todos e forçando os parentes a unir forças para sobreviver. O ritmo do filme é irregular, sem maiores apelos do gênero e se perde entre o horror fraco e a comicidade involuntária. O tema da família disfuncional volta a ser explorado, mas sem brilhantismo e competência. É curioso que o filme tenha tido tantas críticas favoráveis; curioso e meio desalentador, pois comprova que a plateia, em geral, não faz mesmo questão de um produto de qualidade.

segunda-feira, 26 de março de 2018

3059 - ENCONTRO MALIGNO


ENCONTRO MALIGNO (MEETING EVIL, USA 2012) – O desenxabido Luke Wilson é o ex-agente imobiliário John que, um dia, atende à porta e é surpreendido pelo sujeito que irá mudar sua rotina. Após mais uma derrota no difícil ramo do "real estate", ele está desempregado, sem esperanças alguma de conseguir algo melhor na vida e se dedicar à sua família. O estranho Richie (Samuel L. Jackson, botando ressentimento pelo ladrão) pede ajuda para empurrar seu carro, aparentemente sem combustível, e o leva para uma viagem infernal pela região, matando todos que o incomodam. O interesse se mantém até a metade do filme, mas logo depois percebemos que este é um daqueles filmes com o final meio em aberto em que o vilão é quase uma entidade maléfica e o roteiro se equilibra entre o clichê o maniqueísmo previsível.

domingo, 25 de março de 2018

3058 - REGRESSO DO MAL

Cage, ainda tentando...
     REGRESSO DO MAL (PAY THE GHOST, USA 2015) - Ainda sou um daqueles que acreditam em Nicolas Cage. Ultimamente, sua carreira tem sido caracterizada por filmes muito ruins. De vez em quando, ele acerta uma, como é o caso de JOE (2013), em que ele tem uma atuação realmente memorável. Aqui, em REGRESSO DO MAL, ele parece se esforçar, mas o personagem não ajuda muito nem o roteiro pouco original: ele faz um pai que perde o filho numa noite de Halloween e descobre que um espírito maléfico anda sequestrando crianças sabe-se lá para quê. Nada memorável, REGRESSO DO MAL é um passatempo desenxabido para quem estiver disposto a perder 1 hora e 34 minutos com mau cinema.   

quinta-feira, 22 de março de 2018

3057 - 99 CASAS

Garfield e Shannon, sensacionais...
     99 CASAS (99 HOMES, USA 2016) – Esta é a segunda vez em que Andrew Garfield me convence de que é um bom ator. A primeira foi em ATÉ O ÚLTIMO HOMEM. Aqui, ele tem um personagem interessante que lhe permite uma atuação marcante: despejado de sua casa, onde mora com o filho e a mãe (Laura Dern) pelo agente imobiliário Rick Craver (Michael Shannon, incontrolável), Dennis Nash (Garfield) se vê diante da possibilidade de se corromper e dar uma vida melhor à família. Ao abordar este dilema ético, o diretor Ramin Bahrami vai fundo no universo do selvagem mercado imobiliário americano, durante a crise econômica de 2008. Só pelas cenas em que as pessoas irradiam desespero ao ser despejadas de suas casas, este filme já seria um caso à parte, mas as atuações viscerais de Shannon e Garfield fazem deste filme meio esquecido no cardápio da NETFLIX um programa imperdível. 

terça-feira, 20 de março de 2018

3056 - PELÉ: O NASCIMENTO DE UMA LENDA


   PELÉ: O NASCIMENTO DE UMA LENDA (PELÉ: BIRTH OF A LEGEND, USA 2106) – Imagine um filme ruim, mas muito ruim mesmo. Então, veja este aqui e convença-se de que nada poderia ser pior. O longa, que pretende contar a história do jovem Edson Arantes do Nascimento, desde sua infância pobre até a participação no primeiro título do Brasil na Copa do Mundo de 1958, quando tinha apenas 17 anos, começa de forma alvissareira: Pelé ouve transmissões de rádio que dizem o quanto a Seleção é fraca, desacreditada e que não tem chances de vencer a partida decisiva contra a União Soviética. Um corte, e ele se vê entrando no estádio, o número dez reluzindo às costas. Depois deste chute inicial, o filme se perde num sucessão de clichês – favelas, samba, bares toscos – que dão margem a personagens estereotipados (o jogador playboy, o treinador rabugento, o rival marrento, o cartola ambicioso) e diálogos de chorar. Apenas Seu Jorge aparece com talento num grupo horroroso de atores perdidos num roteiro idem. E, cá para nós, não há nada mais esquisito do que personagens brasileiríssimos falando inglês de modo artificial.   

segunda-feira, 19 de março de 2018

3055 - INSTINTO SELVAGEM

Stone e Douglas, no limite...
 INSTINTO SELVAGEM (BASIC INSTINCT, USA 1992) – Sharon Yvonne Stone se tornou mundialmente conhecida graças ao famoso “beaver shot” que o diretor Paul Verhoeven fez questão de manter neste filme. No mais, ela apenas desfilou a beleza deslumbrante diante dos olhos cúpidos de Michael Douglas, o detetive que fica literalmente de quatro diante de tanta sensualidade. No entanto, além das suas características físicas, ela provou ter talento em CASINO, de Scorsese, que lhe rendeu uma indicação ao Oscar e lhe deu um Globo de Ouro. A carreira tem mais baixos do que altos, e talvez tenha faltado um encontro com Hitchcock para que ela chegasse e se mantivesse no panteão das grandes deusas do cinema. Em INSTINTO SELVAGEM, ela quase que não atua – apenas se deixa admirar por todos os personagens com quem contracena, e isso, de certa forma, passa para o espectador, mesmerizado com sua lânguida presença em cena. O filme realmente ficou datado, muito pela suposta audácia do roteiro, numa época em que as cenas sensuais simplesmente desapareceram dos cinemas, em função do choque que a AIDS produzia então.   

domingo, 18 de março de 2018

3054 - ANIQUILAÇÃO

    
A FONF adoraria...
 
ANIQUILAÇÃO (ANNIHILATION, USA 2018) – Jogue toda a lógica pela janela e comprometa a “suspensão de crença”, fator essencial para que se possa entrar de cabeça no universo cinematográfico de qualquer gênero e, principalmente, no da ficção científica. Maurício tinha razão: este filme parece querer acabar com nossas referências. O grupo protagonista – composto só de mulheres – pode vir a calhar nestes tempos de valorização feminina, mas acaba detonando a história logo de início: afinal, diante do que parece ser uma invasão alienígena, o governo resolve mandar uma expedição de mulheres totalmente despreparadas para enfrentar o mais elementar perigo (onde estão as luvas de borracha?), o que esperar deste filme? Onde estão os cientistas e a equipe militar devidamente treinada? Muitas perguntas que, ao final, ficam mesmo sem respostas. Bem, pelo menos ficamos sabendo aonde foi parar o crocodilo gigante de O MISTÉRIO DO LAGO.   

sábado, 17 de março de 2018

3053 - CORRA!

    
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CORRA (GET OUT, USA 2017) – Oscar deste ano de Melhor Roteiro, GET OUT é, de fato, um ótimo filme, com doses exatas de sustos e ironia, temperadas com um inesperado, mas bem-vindo, atrevimento na composição dos personagens. Apesar de a agenda do racismo sobressair numa apreciação mais geral, o filme de Jordan Peele vai além disso, trazendo um sopro de originalidade principalmente nos diálogos em que Chris (Daniel Kaluuya, ótimo) vai percebendo a estranheza das observações preconceituosas dos convidados da festa na casa do sogro – aliás, uma das melhores sequências de um filme com “twists” magistralmente sincronizados com a ação, magnífica movimentação de câmera e uma combinação perfeita de horror, suspense e humor. 

quarta-feira, 14 de março de 2018

3052 - A VIGILANTE DO AMANHÃ - GHOST IN THE SHELL

 
Scarlett, na concha...
    
A VIGILANTE DO AMANHÃ – GHOST IN THE SHELL (UK, China, USA, 2017) – Talvez minhas expectativas sejam sempre altas quanto vejo Scarlett Johansson no elenco e, por isso, insisto e persisto. Mais uma vez, contudo, ela embarca num filme que não funciona. Em um futuro no qual se confundem o real e o virtual, o orgânico e o mecânico, Major (Scarlett) é a única de sua espécie – seu cérebro humano, retirado de uma jovem à morte, comanda um corpo integralmente sintético. Arma mais letal da Hanka, uma empresa de robótica que comanda uma Hong Kong remodelada ao estilo Blade Runner, Major inadvertidamente se depara com revelações perturbadoras sobre seu passado. O filme se arrasta em meio ao visual dissonante das favelas verticais e vielas imundas, junto com holografias colossais e de gosto duvidoso. Fica a impressão de que o filme perde a chance de resgatar as provocações das suas fontes de inspiração, como o já mencionado BLADE RUNNER, além de MATRIX e ROBOCOP. Mesmo assim, Scarlett, séria e com um corte de cabelo ruim, é, no mínimo, provocante.   

segunda-feira, 12 de março de 2018

3051 - A NOITE É DELAS

Scarlett, por quê?
    A NOITE É DELAS (ROUGH NIGHT, USA 2017) OK, Scarlett Johansson é obrigatória, pelo talento, pela beleza, pela voz, pela mesmerizante presença cênica. Por isso, passei pela provação de assistir a esta produção canhestra, sem graça e demente. Tudo bem que estejamos passando pela reafirmação do papel da mulher na sociedade pós-moderna, mas ROUGH NIGHT só pode ser considerado um passo atrás de qualquer movimento de valorização feminina. Abstenho-me de comentar o roteiro (se é que ele existe...) e as atuações (até Scarlett se perdeu...). Até mesmo o “jab” intencional no queixo quadrado de Trump não funciona, inviabilizando a suposta crítica política que a história possa ter nas suas entrelinhas. Segunda bola fora de Scarlett, já que GHOST IN THE SHELL também não funcionou. Veja a seguir.  

domingo, 11 de março de 2018

3050 - HOMEM-ARANHA: DE VOLTA AO LAR

     
Holland, desperdiçado
 
HOMEM-ARANHA – DE VOLTA AO LAR (SPIDER-MAN: HOMECOMING, USA 2017) – A Marvel tem tido como característica adotar uma abordagem mais realista – e, às vezes, cativante – da imperfeição humana de seus heróis. Aqui, Peter Parker (Tom Holland), ainda empolgado com sua aventura conjunta com os Vingadores, se vê às voltas com as agruras de um adolescente que tropeça nas suas impaciências e inseguranças, sequioso por ingressar no mundo adulto do qual sentiu apenas o gostinho. O diretor Jon Watts tomar liberdades com os quadrinhos que irritam até os fãs menos “hard” – afinal de contas, o uniforme “high-tech” dado a Parker por Tony Stark fica meio forçado no universo aracnídeo no qual a picada da aranha radiativa já explicava tudo, sem manual de instruções. Holland é um ator de talento – sua atuação em O IMPOSSÍVEL, já demonstrava isso – mas está exagerado aqui, certamente por culpa da direção e dos roteiristas que, é óbvio, buscaram inspiração em filmes debiloides de adolescentes e no clássico CURTINDO A VIDA ADOIDADO (1986). Porém, John Hughes e seu protagonista, o insopitável Ferris Bueller, estavam mais antenados com os rompimentos de paradigmas que campeavam na década de 80, o que deu a seu filme a leveza perene que o sustenta até hoje. Kundera que o diga. Este HOMEM-ARANHA tem uma tocada pop que soa tão artificial e malfeita quanto os CGIs de algumas cenas. Tudo isso compromete o filme e nos faz sentir saudades cada vez maiores de Tobey Maguire.  

sexta-feira, 9 de março de 2018

3049 - VELOZES & FURIOSOS 8

    
Por que, Charlize...?
 
VELOZES & FURIOSOS 8 (THE FATE OF THE FURIOUS, USA 2017) – Esta franquia chega a sua oitava edição confirmando uma premissa assustadora: é um filme sem roteiro e sem atores, que se fia apenas na ousadia de cenas de perseguição de carros, tiros e explosões, quase tudo feito à base de um CGI irregular. Apesar de atrair algumas participações especiais (aqui, Charlize Theron e Helen Mirren), tudo resulta numa produção de ritmo acelerado, beirando a neurose, com personagens planos e sem qualquer carisma, ainda mais por serem “interpretados” por um grupo sem qualquer talento dramático. Paul Walker era o único da turma que exalava uma empatia quase automática da plateia. Mas sua morte, em 2013, interrompeu a trajetória do único personagem que era o diferencial da série. Emulando a atmosfera dos filmes de delinquência juvenil dos anos 50 e 60, o primeiro VELOZES exaltava a cultura do “racha”, as corridas clandestinas com carros “tunados”. Depois, os roteiristas resolveram transformar Vin Diesel e sua turma em super-heróis improváveis, capazes de manobras automobilísticas humanamente impossíveis, sempre entre muitas explosões e artilharia pesada. Enfim, cinema pobre (em conteúdo), para uma audiência descerebrada que exige muito pouco em termos de inteligência.