quarta-feira, 30 de maio de 2018

3089 - O PLANO PERFEITO

     
Denzel e Owen, magníficos...
 
O PLANO PERFEITO (INSIDE MAN, USA 2006) – Este é ainda um dos melhores filmes já feitos. Spike Lee acerta em tudo, do elenco ao roteiro, mesmerizando o espectador com uma obra-prima. Três atores excepcionais obrigatórios: Denzel Washington, Chiwetel Ejiofor e Clive Owen. Este último consegue a façanha de capturar a atenção de todos mesmo com o rosto tapado durante quase todo o tempo do filme. Além deles, Jodie Foster e Christopher Plummer também brilham como o talento consabido. Trilha sonora perfeitamente integrada à história de um assalto perfeito, num filme perfeito. ENGLISH: this is still one of the best movies ever. Spike Lee hits the nail squarely on the head, from the cast to the plot, mesmerizing the viewer with a masterpiece. Three outstanding and obligatory actors: Denzel Washington, Chiwetel Ejiofor and Clive Owen. The latter succeeds in capturing everybody’s attention, even wearing a mask almost all the time. Besides, Jodie Foster and Christopher Plummer also shine with their immense talent. Soundtrack perfectly integrated to the narrative of a perfect heist, in a perfect movie.   

terça-feira, 29 de maio de 2018

3088 - OS VINGADORES: GUERRA INFINITA

 
   OS VINGADORES – GUERRA INFINITA (THE AVENGERS – INFINITY WAR, USA 2018) – Este é um filme para quem sabe lidar com perdas e frustrações. Prepare-se, não vai ser fácil. Deve ter sido também um desafio para os roteiristas espremer um número nunca visto de super-heróis em um pouco mais de duas horas de exibição de uma carnificina que já se insinuava nos filmes anteriores do universo Marvel. Neste décimo-nono filme da Era Marvel, parece que baixou o espírito GAME OF THRONES nos irmãos Russo – pelo visto já era hora de praticar um certo controle populacional no planel de personagens, protagonistas incluídos. A reviravolta a esta altura do campeonato é benvinda, pois evoca a humanidade – e também a mortalidade – dos super-heróis mais populares do planeta, e isso dá uma dimensão mais interessante a um universo que não para de promover novidades, sejam elas alegres ou nem tanto. ENGLISH: this is a movie for those who know how to cope with losses and frustrations. Be prepared, as it is not going to be easy. It must also have been a challenge for the screenwriters to squeeze a never seen before a multitude of superheroes in not more than two hours of a carnage that had already been suggested in the previous movies. In this 19th movie of the Marvel Era, it seems that the Russo brothers were possessed by the spirit of GAME OF THRONES – apparently, it was about time to have a population control in the cast, leading characters included. A turning point now is welcome, as it evokes the humanity – as well as the mortality – of the most popular superheroes of the planet, and this gives an interesting dimension to a universe that keeps on promoting innovations, be them cheerful or not so much. 

domingo, 27 de maio de 2018

3087 - FAHREINHEIT 451

     
A cena mais triste...
FAHREINHEIT 451 (USA, 2017) – Melhor vilão que um filme pode ter atualmente, Michael Shannon literalmente rouba a cena quando entra nela, nesta adaptação do clássico livro de Ray Bradbury. Frio, sério e assustadoramente interessante, queimando livros que não devem chegar às pessoas, mas guardando um segredo gigantesco que o torna diferente de qualquer um, o Capitão Beatty de Shannon sabe que o poder é dele, e de poucos. Assim como fez em A FORMA DA ÁGUA, ele entrega mais um papel forte, de uma pessoa fascinada por um objetivo e que vai até as últimas circunstâncias para alcançar o que quer - ou o que é ordenado a fazer. A trama acompanha Guy Montag (Michael B. Jordan, de PANTERA NEGRA, CREED, numa atuação apagada, sem ironia), um dos bombeiros que passam a questionar sua realidade e a profissão, queimar livros, após entrar em contato com a resistência, que busca se rebelar contra o autoritarismo e devolver a leitura para libertar o mundo. A estética neo-noir, meio BLADE RUNNER, se ajusta à história de solidão num mundo distópico, no qual a leitura ainda é o melhor caminho para a liberdade. ENGLISH VERSION: the best villain a movie can have, Michael Shannon steals the scene whenever he is in it, in this version of Ray Bradbury’s book. Cold, somber and eerily interesting, burning books that shouldn’t be read, but keeping a gigantic secret that makes him different from everyone, his Captain Beatty knows that the power limited inside a small circle. As in THE SHAPE OF WATER, he delivers a strong role of a person fascinated by a goal who might go to any length to achieve what he wants or is told to. The plot follows Guy Montag (Michael B. Jordan, in a pale performance, no pun intended), one of the firemen that start to question the reality and his own profession, burn books, after having been in touch with the resistance – a group of rebels that fights the establishment to give back reading to free the world. The neo-noir aesthetics, as in BLADE RUNNER, fits this story of loneliness in a dystopic world, in which reading is still the best path to freedom.

3086 - CASSINO ROYALE

Craig e Eva Green
       CASSINO ROYALE (CASINO ROYALE, USA, UK, 2006) – Daniel Craig estreia com rara competência no papel de James Bond – está tudo nele, da ironia britânica ao ímpeto quase indomado, com doses certas de arrogância e charme que lembram Connery, numa versão mais apimentada, tudo certinho dentro dos ternos mais bem cortados da franquia. O restante do elenco ajuda muito: quem não se derreteria por Eva Green, a ponto de ser sugado pelo decote mais “matador” de todos os filmes de Bond? Mads Mikkelsen arrasa com o vilão a ponto de gelo que contracena com Craig na cena de tortura mais dolorosa dos últimos tempos do cinema – além disso, como superar um antagonista que chora sangue? Ótimas cenas de ação, e um único ponto menos positivo: a cena do pôquer poderia ter sido mais curta. ENGLISH VERSION: Daniel Craig starts with rare competence in the role of James Bond – he has everything, from the British irony to the almost untamed impetus, with right doses of arrogance and charm that remind us of Connery, in a spicier version, everything inside the most well-cut suits of the franchise. The cast is of great value: who wouldn’t fall head over heels for Eva Green, to the point of being sucked by the most killing cleavage of all the Bond movies? Mads Mikkelsen slayed it with his villain at the temperature of ice who shares the most painful torture scene of the cinema with Craig – besides, how to top an antagonist that cries blood? Great action scenes, and a less positive aspect: the poker scene might have been shorter.   

quinta-feira, 24 de maio de 2018

3085 - A ÚLTIMA PALAVRA

       A ÚLTIMA PALAVRA (THE LAST WORD, USA 2017) – O filme é ruim do princípio ao fim. Harriet (Shirley McLaine), uma ricaça com poucos amigos e muita rabugice, contrata uma jornalista (Amanda Seyfried) para escrever seu obituário que, se providências não forem tomadas, será o atestado de uma vida amarga e sem carinho. Vale pela chance de ver a irmã de Warren Beatty em cena, embora numa atuação sem grande brilho. Amanda Seyfreid repete seu personagem “grife” – a moça doce e sensível – com a competência de sempre. O roteiro é marcado pela monotonia e pela previsibilidade, além de atuações pouco inspiradas de um elenco de quem se espera muito mais. ENGLISH VERSION: the movie is a total failure. Harriet (Shirley McLaine), a rich grumpy old woman with few friends hires a journalist (Amanda Seyfried) to write her obituary that, without some treatment, will be the testment of a a bitter and void life. The chance of seeing Warren Beatty’s sister performing is worth, altough she has a tarnished performance. Amanda Seyfried repeats her favorite character – the sweet and sensitive girl – with the usual competence. The plot is dull and predicable and the cast’s less inspiring performance left a lot to be desired. 
  

domingo, 13 de maio de 2018

3084 - O MISTÉRIO DE CANDYMAN

  
Não é Sharon Stone...
  
O MISTÉRIO DE CANDYMAN (CANDYMAN, USA 1992) A única nota relevante neste filme mal produzido é a presença de Virginia Madsen, então muito parecida com o “sex-symbol” da época, Sharon Stone. No mais, CANDYMAN é um “thriller” de terror bem ruinzinho sobre uma lenda urbana que fala de um homem misterioso com uma das mãos em forma de gancho, que aparece depois que seu nome é repetido cinco vezes, em frente a um espelho. ENGLISH VERSION: the only highlight of this badly produced movie is the presence of Virginia Madsen, then the spit image of the sex-symbol of the time, Sharon Stone. Moreover, CANDYMAN is a bad horror thriller about an urban legend that accounts for a mysterious one-armed man who appears when you say his name five times, in front of a mirror.   

sexta-feira, 11 de maio de 2018

3083 - EM RITMO DE FUGA

   
Baby a bordo...
   
EM RITMO DE FUGA (BABY DRIVER, USA 2017) – Este é um raro exemplo de uma tradução pertinente do título original: EM RITMO DE FUGA tem tudo a ver com o que acontece em cena, pois o protagonista, o Baby do original (Ansel Elgort), mal saído da adolescência e já um hábil motorista de carros de fuga, cronometra cada uma delas com uma faixa específica do seu “setlist”. O filme tem uma direção extremamente espirituosa de Edgard Wright e é um daqueles convites irresistíveis (sim, escapistas, mas quem sem importa?) que o cinema às vezes nos oferece para embarcarmos numa profusão de cenas de ação recheadas de humor e “nonsense”. O elenco afinado com a atmosfera lúdica do roteiro não pisa na bola: Kevin Spacey, antes dos escândalos sexuais, interpreta com gosto um chefão do crime, Jon Bernthal (o Shane, de THE WALKING DEAD), Jamie Foxx, mais psicopata do que nunca, e John Hamm (de MAD MEN). A bela Lily James, de DOWNTON ROAD, confere delicadezas inesperadas ao ritmo frenético desta boa surpresa da temporada; ENGLISH VERSION: this is a rare example of a proper translation of the original title: EM RITMO DE FUGA has entirely to do with the action, for the leading character, Baby, barely coming of age and already a skillful runaway driver, times each one of them with a specific track from his setlist. Edgard Wright soulfully directs a movie that is one of those irresistible invitations (yes, escapists, but who cares?) to embark on a profusion of action scenes marked by humor and nonsense. The outstanding cast does not drop the ball: Kevin Spacey, before the sexual scandal, earnestly plays a warlord, Jon Bernthal (Shane, from THE WALKING DEAD), Jamie Foxx, more psychotic than never, and John Hamm (from MAD MEN). The gorgeous Lily James, from DOWNTON ROAD, bestows unexpected delicate moments to the frantic rhythm of this season’s good surprise. 

quarta-feira, 9 de maio de 2018

3082 - O FUNDAMENTALISTA RELUTANTE


   O FUNDAMENTALISTA RELUTANTE (THE RELUCTANT FUNDAMENTALIST, USA, UK QATAR, 2012) – Aluno excepcional da Harvard, Changez (Riz Ahmed, de ROGUE ONE) é o orgulho de sua família no Paquistão. Disposto a realizar o sonho americano, ele não hesita em aceitar um emprego numa das maiores consultorias financeiras do país. Mas, os acontecimentos de 11 de setembro de 2011 começam a mostrar que por mais que Changez diga que ama os Estados Unidos, os Estados Unidos não estão dispostos a ter por ele o mesmo sentimento. A partir daí, ele vai percebendo sua verdadeira identidade e recuperando os valores de sua terra natal. O filme é uma excelente reflexão sobre o choque cultural entre ocidente e oriente, depois que o terrorismo se instalou no mundo contemporâneo. ENGLISH VERSION: outstanding student at Harvard, Changez (Riz Ahmed, from ROGUE ONE) is the hero of his family back in Pakistan. Willing to accomplish the “American dream”, he doesn’t hesitate to accept a job offer in one of the most important financial consulting firms in US. However, the facts of 9/11 start showing that America does not love in in the same way he loves America. From then on, he faces his true identity and rescues the values of his homeland. The movie is a great opportunity to reflect about the cultural clash between East and West, after terrorism made itself present in the world.     

terça-feira, 8 de maio de 2018

3081 - DONA FLOR E SEUS DOIS MARIDOS

       DONA FLOR E SEUS DOIS MARIDOS (BRASIL, 1917) – Esta nova versão não deveria ter sido feita. A primeira, com Sônia Braga, ainda é um dos maiores sucessos do pobre cinema nacional e, sendo assim, não mereceria uma homenagem tão acanhada e mal realizada. Claro que ter Juliana Paes como protagonista, numa história tão simpática quanto picante, foi um acerto da produção, mas, mesmo assim, o filme não engrena e só nos faz ter saudades da obra de Bruno Barreto. ENGLISH VERSION: this new version shouldn’t have been made after all. The fist one, with Sonia Braga, had been one of the most successful productions of our poor industry and, thus, it would deserve a better homage. Evidently, having Juliana Paes as the leading role, in a nice, as well as juicy, story was highlight of the movie, but, at the same time, the story doesn’t work and only makes us desirous of Bruno Barreto’s masterpiece.  

segunda-feira, 7 de maio de 2018

3080 - CHEERS - TEMPORADA 3

    CHEERS – TEMPORADA 3 (CHEERS, 3rd SEASON, USA 1984/1985) – Esta é a temporada com vários fatos marcantes: a entrada de Frasier (Kelsey Grammer), a saída de Diane (Shelley Long) e a morte de Nicholas Colasanto (Coach), cujos problemas cardíacos se agudizaram durante a temporada. De qualquer forma, me parece que é exatamente a partir daí que CHEERS passa a apresentar sua característica mais marcante – o aprofundamento individual dos personagens em situações que passaram a ser mais naturais e em conformidade com o perfil de cada um. Woody (Woody Harrelson) entrará na próxima temporada, assim como Kirstie Alley, como Rebecca Howe, o interesse romântico inatingível de Sam (Ted Danson). São eles, junto com Woody, Cliff e Norm, que farão história na TV americana e mundial. ENGLISH VERSION: this season has many hallmarks: Shelley Long leaves the show and Nick Colasanto unfortunately dies, after facing cardiac problems. Anyway, it seems to me that from then on CHEERS starts developing its most remarkable trait – the individual deepening of the characters in more natural situations related to each character’s profile. Woody Harrelson would be entering the show in the next season, as well as Kirstie Alley as Rebecca Howe, Sam’s (Ted Danson) unattainable love interest. Along with Woody, Cliff and Norm, they will make history in TV all over the world.   

quarta-feira, 2 de maio de 2018

3079 - BARÃO VERMELHO: POR QUE A GENTE É ASSIM?

   
 BARÃO VERMELHO: POR QUE A GENTE É ASSIM? (BRASIL, 2017) – documentário sobre a trajetória da banda, no formato tradicional, com entrevistas e depoimentos feitos com os músicos, amigos e produtores. A banda é um dos produtos de sucesso do rock Brasil dos anos 80, trazendo influências regionais e internacionais para formar o então novo panorama da música nacional. ENGLISH VERSION: Documentary about the career of the band, in the traditional format, with interviews and statements made with the musicians, producers and friends. The band is one of the successful products of the “Rock Brazil movement of the 80’s, gathering regional and international influences to establish the new scenario of the Brazilian popular music. 

terça-feira, 1 de maio de 2018

3078 - PONTO DE VISTA

       PONTO DE VISTA (VANTAGE POINT, USA 2008) – Uma tentativa de assassinato do Presidente dos Estados Unidos é recontada de diferentes pontos de vista. Dennis Quaid é o agente do serviço secreto que está no centro da trama, que se desenrola a partir da narrativa de alguns personagens. Entre eles, Forest Whitaker, inacreditavelmente desperdiçado num papel muito abaixo de seu talento. A ação é conduzida de forma confusa, e os diálogos são quase risíveis. A trilogia BOURNE tem muito o que ensinar a estas produções pretensiosas. ENGLISH VERSION: the attempted assassination of the President of the US is told and retold from several different perspectives. Dennis Quaid is the secret service agent who is in the center of the plot that unfolds from the narrative of some characters. Among them, Forest Whitaker, unbelievably wasted in an underrated role. The action is confusing, and the dialogues are not but funny. The BOURNE trilogy has a lot to teach to these pretentious productions. 

segunda-feira, 30 de abril de 2018

3077 - COMO EU ERA ANTES DE VOCÊ

     COMO EU ERA ANTES DE VOCÊ (ME BEFORE YOU, USA 2016) – Há filmes que são feitos para chorar. Este aqui foi realizado com esta intenção, mas, à história previsível falta aquela faísca de comprometimento do elenco com a produção de lágrimas do espectador. Emilia Clark (de GAMES OF THRONE) é bonita e simpática, mas está “over”, e Sam Clafin não convence como seu contraponto romântico. O drama se instala sem muita convicção, e ficamos com a impressão de que aquela lágrima que todos esperavam foi produzida com um esforço enorme para que ela acontecesse. ENGLISH VERSION: there are films that are made to cry, like this one. However, the storyline lacks that spark of commitment of the cast that would cause the audience to shed a tear. Emilia Clark (from GAMES OF THRONES) is beautiful and nice, but overacts, and Sam Clafin does not make his character believable as her romantic counterpart. The drama is not convincing and leave us with the impression that the expected tear was produced as a result of a huge effort. 

domingo, 29 de abril de 2018

3076 - O NEGÓCIO


     O NEGÓCIO (BRASIL, 2018) A quarta temporada de O NEGÓCIO mantém o excelente nível de produção das anteriores.  Agora, a história abordará o livro escrito por Karin (Rafaela Mandelli), que falará abertamente sobre todos os segredos envolvendo a prostituição de luxo, fazendo com que suas amigas, e companheiras de negócio precisem revelar a verdade para suas respectivas famílias. O que fascina nesta série da HBO é, além das belas protagonistas, é a fotografia quase surreal de São Paulo, tirando o máximo dos inusitados ângulos de concreto que a cidade oferece, transformando a dureza da arquitetura paulistana numa poética concepção de imagens. O roteiro está menos plausível do que os das primeiras temporadas, mas continua vendendo o fascínio da prostituição “chic” com a mesma competência. ENGLISH VERSION: the fourth season of O NEGÓCIO keeps the high level of the previous editions. Now, the plot approaches Karin’s book, about her secrets involving high prostitution, which also makes her partners reveal the truth to their own families. What fascinates in this series made by HBO is, besides the gorgeous protagonists, is the almost surreal photography of São Paulo, extracting the best from the unexpected concrete angles offered by the city, turning the hardiness of the city architecture into a poetic image conception. The plot is less plausible now, but still sells the allure of the chic prostitution with the same high competence.    

3075 - OLHAR DE ANJO

    
Não, não é Joe com J-Lo
  
OLHAR DE ANJO (ANGEL EYES, USA 2001) – Sonia Braga mãe de Jennifer Lopez? Sim, neste filme, isso aconteceu, apesar do papel microscópico de Sonia, claro, pois J-Lo acaba ocupando todo o espaço de que dispõe e muito mais. Também é uma ótima oportunidade de ver Jim Caviezel começar a se especializar em personagens misteriosos, como o que faria em PERSON OF INTEREST. Aqui, ele é Catch, um homem enigmático que aparece na vida da policial Sharon (Lopez) e a faz enfrentar seus sentimentos. O filme vai perdendo em ritmo gradativamente, tentando aquecer o relacionamento de Catch e Sharon, sem muito sucesso. De fato, Caviezel mostra o mesmo perfil do seu futuro Mr. Reese, da ótima série com Kevin Chapman e, neste filme, está mais parecido ainda com Joe. E Jennifer atua apenas corretamente, sem grandes ousadias dramáticas. ENGLISH VERSION: Sonia Braga as Jennifer Lopez’s mother? Yes, it happened in this film, in spite of Sonia’s micro role. J-Lo, as expected, takes all the available screen time and more. It is also a great opportunity to see how Jim Caviezel started specializing in mysterious characters, like the one in PERSON OF INTEREST. Here, he is Catch, an enigmatic man who pops up in officer Sharon’s life (Lopez) and made her face her hidden feelings. Gradually, the movie loses rhythm as it unsuccessfully tries to heat up Catch and Sharon’s relationship. Indeed, Caviezel displays the same profile of his future Mr. Reese, from the show with the also great Kevin Chapman, and in this film resembles Joe as never before. And Jennifer just performs correctly, without being dramatically bold.      

quinta-feira, 26 de abril de 2018

3074 - ERA UMA VEZ NO OESTE

       
Claudia Cardinale...
 
ERA UMA VEZ NO OESTE (ONCE UPON A TIME IN THE WEST, USA/ITÁLIA 1968) – Ponto mais alto dos westerns, o filme dirigido por Sergio Leone é uma aula do gênero. A começar pelo elenco: Henry Fonda, Jason Robards e Charles Bronson são o epítome da aridez machista do deserto, onde a habilidade com o revólver estava acima de qualquer valor. No entanto, é a presença coruscante de Claudia Cardinale que dá equilíbrio estético a tudo o que acontece na tela. Não se assuste com o ritmo lento – assim deveria ser a vida naquela época, mas tudo muda quando Claudia Cardinale chega ao rancho e encontra seu marido assassinado por Henry Fonda. E, claro, a trilha de Ennio Morricone também faz parte desta obra de arte. ENGLISH VERSION: The hallmark of all the westerns, the movie directed by Sergio Leone is masterful. To start with, the cast: Henry Fonda, Jason Robards and Charles Bronson are the epitome of the manly dryness of the desert, where the competence with the gun counted more than any other value. Despite, it is the coruscant presence of Claudia Cardinale that gives aesthetic balance to everything we see on the screen. Don’t be afraid of the slow rhythm of the initial sequence – life at that time should probably be so, but everything changes when Claudia arrives at her ranch, to find that her husband has been murdered by hired gun Henry Fonda. Ennio Morricone’s score is also part of this masterpiece.  

quarta-feira, 25 de abril de 2018

3073 - PIRATAS DO CARIBE: A VINGANÇA DE SALAZAR

     PIRATAS DO CARIBE: A VINGANÇA DE SALAZAR, USA 2017) – Durante todo o filme, tem-se a sensação de que PIRATAS DO CARIBE ainda tem um excepcional capricho técnico que resulta em cenas de ação extremamente complexas e mesmerizantes. Mas falta o frescor e a saudável ousadia das três primeiras produções, em que Johnny Depp parecia mesmo se deliciar (e nos deliciar) com uma atuação tão visceral, que quase não se distinguia ator de personagem. Neste filme, porém, Depp entrou no modo automático e, claramente, está apenas em corpo em cena. O divórcio com Amber Heard visivelmente o abalou, a ponto de, em cena, ser quase um elemento acessório, numa engrenagem meio desgastada, que talvez já devesse ter tido seu desfecho há dois filmes atrás. Sim, os créditos finais apontam para mais uma sequência, o que não deixa de ser uma temeridade em relação a uma franquia que parece já ter chegado a seu ápice. Paul McCartney tem uma ponta, e só o fato de ser Paul ali debaixo daquela barba, e falando aquelas barbaridades, já a torna divertida. No entanto, isso não é o bastante para tornar o filme memorável. ENGLISH VERSION: During the film, we have the impression that Pirates of the Caribbean still displays an exceptional technical production that results in mesmerizing and complex action scenes. But it lacks the freshness and the heathy boldness of the prior movies in which Johnny Depp seemed to delight himself and us with such a poignant performance that we couldn’t barely distinguish the actor from the character. In this movie, Depp entered in automatic mode, and only his soulless body in scene. The divorce from Amber Heard clearly affected him and made him look like an accessory element in a wasted clog that should have had its end two movies ago. Yes, the final credits point to a sequence, which stands as a temerity in a franchise that has already reached its summit. Paul McCartney has a cameo role, and only by the fact that it is Paul under that beard, talking those nonsenses, makes it amusing. Nevertheless, it’s not enough to make the move memorable.    

terça-feira, 24 de abril de 2018

3072 - BORBOLETA NEGRA

     
BORBOLETA NEGRA (BLACK BUTTERFLY, USA 2017) Suspense com Antonio Banderas e Jonathan Rhys Meyers. Paul (Banderas) é um escritor em crise criativa que se isola numa casa no meio da floresta. Encontra um viajante, Jack (Meyers), que o livra de uma briga de bar e o convida para passar uns dias com ele. A partir daí, o forasteiro passa a querer interferir na história que Paul não conseguia escrever. A tensão entre os dois personagens vai crescendo, na medida que as atitudes de Jack se tornam mais herméticas, instilando em Paul reações defensivas. O problema é a solução preguiçosa apresentada no desfecho. Os roteiristas já deviam ter recebido seu “paycheck” e resolveram ir para casa mais cedo, deixando todo mundo com a sensação de que fomos lesados. A última cena estraga o que o filme tinha de bom. Veja e confira, mas não diga que não avisei. Ou melhor, desligue assim que o “close-up” de Bandeira começar a entrar em “fading”. Isto lhe dará a sensação de que seu tempo não foi perdido.   ENGLISH VERSION - BLACK BUTTERFLY (USA 2017) – Thriller with Antonio Banderas and Jonathan Rhys Meyers. Paul (Banderas) is a writer with creative crisis who is now living in a farmhouse, in the woods. He meets a drifter, Jack (Meyers), who saves him from a bar fight, and invites him to spend some days in his house. From then on, the drifter starts interfering in the novel Paul couldn’t finish. The tension between the two characters grows accordingly to Jack’s hermetic reactions, making Paul be more defensive. The trouble is the lazy solution for the end. The writers must have received their paycheck and decided to go home earlier, leaving us empty-handed. The last scene spoils whatever positive aspect the movie might have. Check it, but don’t say I didn’t warn you. Or, you may turn off as soon as the close-up on Banderas starts fading – this will give you the feeling that you haven’t wasted your time.    

segunda-feira, 23 de abril de 2018

3071 - MEU NOME É TRINITY

Terence Hill
       MEU NOME É TRINITY (LO CHIAMAVANO TRINITÀ, Itália 1970) Este é um dos filmes cuja trilha sonora já é um dos personagens principais, tornando-se talvez mais conhecida do que o filme estrelado por Terence Hill e Bud Spence, uma das maiores duplas do cinema. Western-spaghetti da melhor qualidade, daqueles que nos fazem ter uma profunda experiência sensorial: sente-se na pele a quentura da poeira por onde Trinity passa, arrastado, numa espécie de cama, por seu cavalo, na sensacional cena de abertura deste clássico, e quase sentimos o sabor do feijão pelando, que ele come diretamente a panela, quando chega a uma estalagem atraindo a curiosidade de todos. Envolvente e engraçado, o filme enfeitiça pela despretensão da história e pela naturalidade e simpatia dos dois protagonistas. De certa forma, o personagem Trinity serviu de molde para muitos outros do gênero: meio marrento, desligado, engraçado e extremamente hábil na briga corporal e no manejo da arma. Agregue-se a isso uma inocência inesperada que Hill incorpora ao seu pistoleiro, que o faz parecer estar permanentemente se divertindo em cena com seu companheiro Bud Spencer, sempre deliciosamente mal-humorado. Em termos cinematográficos, nada poderia ser mais sedutor para o espectador. A trilogia MÁQUINA MORTÍFERA bebeu diretamente da fonte, é só constatar. E a trilha sonora, repito, é um tesouro do cinema.     

3070 - PATERNO

  
Pacino, grande, sempre...
  
PATERNO (USA 2018) - Paterno foi considerado um dos maiores do esporte nos EUA e ingressou no Hall da Fama do Futebol Americano em 2006. Seus últimos meses de vida, porém, foram marcados por um escândalo: descobriu-se que ele acobertou um de seus assistentes técnicos, Jerry Sandusky, que teria molestado oito garotos em 15 anos. A história, em seu pano de fundo, talvez não tenha tanto apelo para plateias fora dos EUA, mas o elenco conta com Al Pacino e Al Pacino é obrigatório em qualquer contexto. O filme de Barry Levinson explora o paradoxo de um treinador que vivia de acordo com um rigoroso código moral, que também aplicava a seus jogadores, mas que não foi capaz de reagir aos sinais de que seu assistente estava cometendo crimes sexuais.   

3069 - A BRUXA


     A BRUXA (THE WITCH, USA, UK 2015) – A fotografia esmaecida, em conexão com um cenário que nos remete às pinturas de Goya e Velásquez, compõe o ambiente de uma história incômoda, que vai se desenvolvendo até um desfecho meio chocho. Em 1630, uma família é banida da cidade e vai viver numa floresta, onde fatos perturbadores vão compondo uma espécie de horror histórico, cultural sobretudo e, também, psicológico, revelando símbolos que podem não ser de fácil decodificação por pessoas sem o repertório adequado. Mais do que um terror “stricto sensu”, A BRUXA é um filme alinhado ao feminismo atual – bruxas são mulheres, não se esqueça – e lança questionamentos pertinentes sobre a manipulação religiosa que, convenhamos, ainda se faz presente hoje em muitos seguimentos da sociedade.  

3068 - ESTÔMAGO

João Miguel e Fabíula Nascimento
      ESTOMÂGO (BRASIL, 2008) – O filme ainda se sobressai diante do mais recente cenário do cinema nacional, recheado de obras descerebradas, principalmente comédias, como uma incisiva – e até certo ponto incômoda - visita ao universo “bas fon” do centro da cidade de São Paulo e seu ambiente gastronômico popular. Permeando o senso de humor quase grosseiro, percebe-se uma obra original que mistura paixão, vingança e comida. A história, contada em dois tempos, mostra a trajetória do nordestino Raimundo Nonato (João Miguel, em ótimo desempenho), chegando a São Paulo e arrumando emprego num boteco, e sua presença num presídio, onde ganha status por cozinhar para os companheiros de cela. A edição muito bem realizada dá ritmo e emoção às cenas em que se destaca a exuberante presença de Fabíula Nascimento, numa atuação de dar água na boca. De fato, não é um filme para todos os gostos, mas é infinitamente superior aos equívocos artísticos e criativos que o cinema brasileiro tem produzido na última década. 

3067 - KALINKA


    KALINKA (FRANÇA/ALEMANHA, 2016) – Baseado em uma história real, o filme narra a obstinação – que durou décadas - de um pai (Daniel Auteuil, contido na medida certa) para que o autor do assassinato da sua filha adolescente seja preso. Embora com desfecho previsível, o interesse se mantém até o fim, graças, principalmente, à atuação de Auteuil e às belas paisagens do interior da Alemanha, cujo sistema jurídico fica parecendo pouco confiável, diante dos fatos que o filme relata.   

sábado, 21 de abril de 2018

3066 - THE WALKING DEAD - TEMPORADA 8


   THE WALKING DEAD – TEMPORADA 8 (USA, 2018) – Apesar de todas as críticas
que esta oitava temporada recebeu, TWD ainda apresenta um roteiro instigante e perturbador, no que diz respeito à discussão das relações pessoais e de poder num mundo distópico que talvez nem esteja tão distante assim de nós. Se o protagonismo dos mortos-vivos foi dando lugar às disputas ferozes entre os sobreviventes, nada contra. Era para ser assim mesmo, a meu ver. Por razões de fluidez narrativa, Rick e Negan polarizaram as atenções e, claro, geraram as maiores expectativas de um embate cruel e sanguinário, como devem esperar os fãs de UFC, categoria que não me incluo. A violência física esperada se diluiu positivamente numa tensão psicológica, mas se perdeu um pouco numa abordagem que flertou com o “politicamente correto”, como se TWD precisasse de uma agenda positiva para continuar a saga. A transformação de Carl numa espécie de guru de uma nova ordem, de fato, estremeceu bastante as estruturas do mundo abandonado ao qual nos acostumamos. Parece que Negan (Jeffrey Dean Morgan, em total domínio do personagem), nas próximas temporadas, simbolizará a humanização do mal, na medida em que passemos a conhecer todo o processo determinista que o levou a se guiar pela Lucille. A saída de Morgan (Lennie James), um dos melhores personagens, certamente enfraquecerá a história, que talvez também não conte mais com Lauren Cohan.   


segunda-feira, 9 de abril de 2018

3065 - A PELE

    
Nicole e Robert Downey Jr
  
A PELE (FUR: AN IMAGINARY PORTRAIT OF DIANE AIRBUS, USA 2006) – Filme é um daqueles filmes herméticos, cujas camadas semióticas são difíceis de entender, porém com uma beleza inesperada, mas difícil de ser absorvida de pronto, desde o momento em que passamos a incorporar as imagens que se misturam com fragmentos oníricos e cacos de realidade. O início é inesperado: Diane Airbus (Nicole Kidman, muito contida, como sempre), chega a uma espécie de campo de nudismo. Aí, a primeira pergunta: será que os personagens do filme serão, assim, tão despidos da “persona” que, em geral, nos protege? Diane, infeliz no casamento, se encanta por um vizinho, Lionel Sweeney, acometido de uma doença que lhe cobre totalmente o corpo de pelos, assemelhando-o a um lobisomen. Lionel é vivido por Robert Downey Jr, antes do sucesso merecido de O HOMEM DE FERRO. O devaneio ficcional inspirado na vida de Diane acaba reduzido a um conto de fadas pouco inspirado, como um pastiche de A BELA E A FERA. Melhor seria: não apele.  

3064 - THE FRANKENSTEIN CHRONICLES

 Resultado de imagem para the frankenstein chronicles    


       THE FRANKENSTEIN CHRONICLES (UK, 2015) - Inspirada na clássica obra de Mary Shelley, “Frankenstein”, a trama acompanha o veterano de guerra John Marlott (Sean Bean), em 1827. Trabalhando agora como inspetor de polícia, ele fica encarregado pelo Secretário de Segurança londrino de investigar um bizarro caso envolvendo o corpo de uma criança encontrado num rio, cujos membros pertencem a diferentes outros corpos. As investigações levam Marlott a crer que alguém está copiando a obra de Shelley e tentando recriar vida. A condução dos primeiros capítulos é bem satisfatória e nos faz imaginar como eles vão desenvolver esta espécie de “spin-off” do livro de Mary Shelley. 

domingo, 8 de abril de 2018

3063 - REVOLT

Resultado de imagem para revolt movie
Adicionar legenda
        
    REVOLT (UK, 2017) – Mistura de DISTRITO 9 e ELYSIUM, salpicado de referências de A GUERRA DOS MUNDOS, com seríssimas restrições orçamentárias, o filme tem a vantagem de não ser apenas um veículo para CGIs, mas também não se esforça para apresentar um roteiro mais original e inspirador. Na maior parte do tempo, vemos dois sobreviventes – um ex soldado e uma médica francesa – vagando pelas planícies da África do Sul, entre destroços de uma civilização que, aparentemente, foi vítima de uma invasão alienígena. Ou seja, “aliens” fazendo coisas de “aliens”, como sempre. O protagonista, Lee Pace, do finado seriado PUSHING DAYSIES, parece mais o irmão mais novo de Nicolas Cage e atua mesmo como o sobrinho de Coppola em seus filmes mais recentes. Maurício tem razão: como fãs “die-hard” de ficção científica, o “déjà vu” que assola as produções mais atuais é mesmo muito frustrante.